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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O incrível caso da mulher com meio cérebro - Ciência


O corpo humano é uma máquina maravilhosa, concordam médicos e cientistas. Mas o cérebro, em particular, ainda escapa à nossa compreensão. O mistério que envolve esse órgão, bem como seu papel complexo em relação ao resto do nosso organismo, mais uma vez voltou à tona com o caso intrigante de uma mulher chinesa que, aos 24 anos de idade, descobriu ter nascido sem parte do cérebro. O fato deixou perplexa a comunidade médica, sobretudo por ela ter levado uma vida normal até então sem se dar conta dessa anomalia.
Ao marcar uma consulta, alegando sintomas como náuseas e tontura, a garota foi submetida a uma tomografia e acabou descobrindo não possuir o cerebelo, que é parte fundamental do sistema nervoso e situa­se na base dos dois hemisférios do cérebro. O cerebelo (que em latim significa “pequeno cérebro”) responde pelo equilíbrio, tônus muscular, fala e aprendizagem motora. De quebra, concentra 50% de todos os neurônios do cérebro. Ou seja: sem ele somos incapazes de andar, correr e de desenvolver outras faculdades importantes. Assim como o cérebro, ele é composto de dois hemisférios, além de uma parte central denominada “vermis”.
Por “levar uma vida normal”, entenda-­se que a mulher, cujo nome não foi divulgado, só conseguiu aprender a falar aos seis anos e a andar aos sete. Contudo, é de se espantar que ela sequer tenha desenvolvido essas faculdades, ainda que um pouco tardiamente, sem o cerebelo. Mas vale ressaltar que essa ausência não foi um empecilho para que ela se casasse, tivesse filhos e se relacionasse de maneira saudável com o mundo à sua volta.
Os cientistas acreditam que na ausência dessa parte do encéfalo, coube ao córtex cerebral — que ajuda no controle motor, capacidade de associação e informações sensoriais — acumular tais funções. Essa descoberta apenas demonstra que há muito a ser estudado pela ciência no que diz respeito à “plasticidade” do cérebro ( sua capacidade de adaptar­se a mudanças no ambiente e no próprio corpo humano), como no caso de pessoas que reaprendem a andar depois de um derrame.
Não se trata do primeiro caso de uma pessoa nascida sem cerebelo: a literatura médica registra nove casos, sendo o primeiro deles datado de 1831, embora a maioria deles tenha sido constatada apenas depois da morte do portador da anomalia. Mas é a primeira vez que uma pessoa viva é diagnosticada com essa condição, uma oportunidade ímpar para a ciência de estudar as implicações da ausência do cerebelo e o desenvolvimento cognitivo e motor humano nesse contexto.

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