© Jeff Chiu O My Activity é ativado pelo usuário voluntariamente.
Até onde vão as informações que o Google detém sobre nós? O fato é que tudo aquilo que conseguimos imaginar parece ser pouco. Pelo menos é essa a conclusão à qual se pode chegar quando experimentamos a sua nova ferramenta: My Activity. Trata-se de um serviço que registra de forma cronológica todo o percurso do usuário em que algum serviço da empresa (Google, Chrome, Android, Gmail, Google Maps...) esteja envolvido, e, considerando a onipresença na web da empresa fundada por Sergey Brin e Larry Page, é praticamente impossível esconder os seus rastros.
O serviço tem de ser ativado pelo próprio usuário, é verdade, mas o fato é que a única coisa que ele faz é dar a sua autorização para que todas as informações registradas pelo buscador sejam visíveis (apenas pelo próprio usuário). Ou seja: queiramos ou não, o Google grava em seus servidores todos os passos do usuário, para depois fornecer esse percurso, por meio dessa ferramenta, a quem o desejar. Nesse sentido, o My Activity pode ser visto como uma emulação do Grande Irmão de George Orwell, embora, visto mais de perto, poderia ter um objetivo exatamente oposto.
Um primeiro passeio pelas informações contidas no serviço pode nos provocar um calafrio, tamanho o detalhamento que ali se mostra sobre nossa atividade na internet: se buscamos essa ou aquela página, se vimos esse ou aquele vídeo no YouTube... Quanto o Google sabe sobre nós? Muito, muitíssimo, e o faz com um propósito: poder ofertar publicidade segmentada e vender espaço publicitário aos anunciantes com uma enorme precisão. Esse é, na verdade, o seu negócio: oferecer serviços de alto valor agregado ao usuário de forma gratuita em troca de suas informações.
O espírito com o qual o Google trabalha em relação a essa nova ferramenta é o de devolver ao usuário o controle sobre aquilo que é armazenado sobre eles nos seus servidores. O My Activity possibilita irmos apagando todos os rastros armazenados nos diferentes serviços, para, assim, nos liberarmos de conteúdos incômodos ou comprometedores --e isso pode ser feito com um simples toque no mouse. O Google não esconde nada, e oferece um leque amplo de ferramentas para que o próprio usuário defina o que pode ser armazenado ou não em seus servidores, chegando até mesmo a poder apagar todos os registros durante um ano inteiro se assim desejar.
O My Activity, assim, é um produto que define bastante bem o espírito do Google: por um lado, o olho que tudo vê, com uma profusão de dados que pode ser assustadora, para depois mostrar que, na realidade, o que lhe interessa não são os nossos detalhes do dia a dia, mas sim aquela informação anônima que torna possível sermos objetos de uma visão segmentada, com o foco voltado para as empresas.
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