Segundo este sistema as aulas tradicionais são substituídas por projetos temáticos nos quais os alunos se apropriam do processo de aprendizagem. "Na educação tradicional os alunos vão à sala de aula e têm aulas de matemática, depois de literatura e depois de ciências. Agora, ao invés de adquirir conhecimentos isolados sobre matérias diferentes, o papel do estudante é ativo. Eles participam do processo de planejamento, são pesquisadores e também avaliam o processo", Marjo Kyllonen, gerente de educação de Helsinque.
Kyllonen afirma que a forma tradicional de educação, dividida entre matérias diferentes, não está preparando as crianças para o futuro, "quando precisarão de uma capacidade de pensamento transdisciplinar, olhar os mesmos problemas a partir de perspectivas diferentes e usando ferramentas de diferentes".
A capital finlandesa está na vanguarda do desenvolvimento desta nova metodologia na qual os alunos podem escolher um tema de seu interesse e planejar o desenvolvimento deste assunto com os professores. Kyllonen relatou um exemplo: alunos da quarta série que decidiram com o professor fazer um trabalho sobre o fenômeno dos smartphones.
"Disseram que gostariam de saber sobre a história do desenvolvimento da telefonia. Um tema que servia para estudar matemática, estatísticas, para saber quais as razões que levam as pessoas a usarem os telefones, literatura, a indagar como as mensagens de texto mudaram a forma de escrever... (...). Era a ideia deles e, por isso, podiam se conectar imediatamente com o tema", afirmou.
O "phenomenon learning" está sendo introduzido gradativamente nas escolas do país nos últimos dois anos. Todas as escolas são obrigadas a introduzir um período durante o ano escolar - geralmente de várias semanas - para desenvolver esta nova forma de aprendizagem por experiência. No caso de Helsinque, as escolas foram estimuladas para estabelecer dois períodos como este por ano.
As mudanças no sistema educacional da Finlândia também trazem mudanças importantes para os professores, que não terão mais o controle sobre seus cursos com o qual estavam acostumados. Eles deverão aprender a trabalhar de forma colaborativa com seus alunos e outros docentes. O trabalho deles não vai mais ter como base as aulas expositivas e será mais parecido com o trabalho de um mentor.
Até março de 2015, 70% dos professores de Helsinque já haviam sido treinados para aplicar este novo método. "Não acho que os professores possam simplesmente se sentar e observar o que está acontecendo. Creio que seu papel é ainda mais importante do que no sistema tradicional, precisam ter muito cuidado na forma como aplicam este método", disse Kyllonen.
O novo método já foi alvo de críticas. Leo, um estudante de uma escola de Helsinque: "Tem suas vantagens e desvantagens. É diferente e os professores podem ficar criativos e trazer novas fórmulas de ensinar e de aprender e isto é divertido. Mas eu não gostaria que durasse o ano inteiro, porque é muito bom ter certa liberdade criativa para aprender de vez em quando, mas também existe a educação tradicional, que também cumpre uma função".
O professor da Universidade de Cambridge Tim Oates que também afirmou temer que outros países tenham as lições erradas a partir da experiência educacional positiva da Finlândia. A China superou a Finlândia nas provas PISA mas as autoridades de educação de todo o mundo continuam buscando o país nórdico como referência. Ele afirmou que o sistema educativo finlandês teve seu melhor momento no ano 2000,
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