O segundo aspecto que mais chamou sua atenção foi a repressão da sexualidade ocorrido ao longo do período pesquisado. “No século 19, as pernas dos pianos nas casas eram cobertas com capas porque achavam que elas tinham semelhanças com as pernas de uma mulher”, diz.
A entrevista ao iG aconteceu em seu apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro. No bate-papo, ela criticou mulheres que não transam no primeiro encontro, explicou por que elas fingem ter orgasmos, disse que o sistema patriarcal foi por terra desde o surgimento da pílula e defendeu a ideia de que a mulher deve dividir a conta do motel. Relações extraconjugais também entraram na pauta, obviamente. “Elas acontecem porque variar é bom. Todo mundo gosta. Simples assim”.
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A pílula anticoncepcional foi o golpe fatal. Antigamente, a mulher tinha quantos filhos o homem quisesse, passava a vida toda amamentando. A pílula desassociou o sexo da criação e a mulher se livrou da gravidez indesejada. No patriarcado, os papéis sempre foram bem definidos. Aos homens: força, sucesso, poder e coragem. Às mulheres: ser meiga, gentil, suave, submissa e cordata. Com o desmoronamento do sistema patriarcal causado pela pílula, a fronteira entre o masculino e o feminino está se dissolvendo.
Dos anos 70 pra cá, os homens começaram a assumir comportamentos que antes só eram permitidos às mulheres. Dão mamadeira aos filhos, levam para a escola, estudam junto. Na minha infância, homem não podia usar xampu. Aquele que usasse era mal falado. O máximo que podia usar era sabão de coco. Na verdade, não existe mais masculino e feminino.
Acho que, à medida que essa fronteira está se dissolvendo, a tendência é que as pessoas busquem o amor muito mais pelas características de personalidade em comum do que em função do gênero do parceiro. E você já observa isso nas meninas adolescentes que ficam com outras meninas.
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