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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Luxo em Miami - Sociedade/Economia


Gil Dezer estaciona vários dos seus 29 automóveis dentro do seu apartamento na torre Porsche em Miami, a primeira do mundo com um elevador para carros que permite aos proprietários levar seus veículos de luxo para suas salas de estar. Já se tornou muito "plebeu" oferecer apenas saunas, restaurantes e salas de ginástica com grandes janelas para o mar. Os arranha-céus super luxuosos que proliferam nas costas de Miami estão apostando em serviços mais excêntricos, como ilhas privadas e spas para animais de estimação. Por isso, a Porsche Design Tower, de 60 andares, é a que faz mais barulho neste ano nesta cidade da Flórida.
Mas se você não tiver um Porche? - "E por que você não teria um Porsche?", questiona Gil Dezer, de 42 anos, que se encarregou do projeto a pedido da empresa alemã. Se você comprou um apartamento ali, desembolsou entre 5,5 e 33 milhões de dólares, então, obviamente, você tem um Porsche.
Os imóveis vêm com piscinas nas varandas que emitem correntes contra as quais se pode nadar, com esplêndidas vistas para a baía de Miami. Mas seu atrativo mais original são os três elevadores de 40 milhões de dólares que levam os carros aos apartamentos e os deixam nas salas de estar dos moradores. "Se você ama seu carro e o vê como uma peça de arte funcional, móvel, este é o lugar para onde você quer trazê-lo".
Desenhada pela empresa Sieger Suárez, a Porsche Design Tower foi inaugurada há dois meses em Sunny Isles, em frente à costa de Miami. De suas varandas é possível ver o edifício Privé, dos mesmos arquitetos, cujos apartamentos custam entre US$ 2 a 8 milhões. O Privé consiste em duas torres sobre sua própria ilha, conectadas à terra através de uma ponte privada e com um porto esportivo exclusivo.
"Se você quer fazer algo selvagem e louco, Miami é o lugar ideal", diz Dezer. "Para nós isto foi um banco de ensaios, e o mercado aqui sempre está aberto a coisas novas". A Flórida começou a construir uma reputação por estas excentricidades no final do século XIX e início do século XX, quando os desenvolvedores seduziam os milionários com propostas exóticas para atrair investimentos para este pântano cheio de mosquitos. Desde então, a cidade se definiu por seu afã de deslumbrar, diz à AFP o escritor Craig Pittman, autor do livro "Oh, Florida!". "As pessoas que querem ostentar são as que mais se sentem atraídas" por Miami.
O autor coloca como exemplo o filme "Scarface", com Al Pacino, um dos ícones da cultura pop que melhor interpretam a cidade, ao menos como esta era nos anos 1980. O filme "fala da ostentação e do uso de riqueza mal adquirida. Mas as pessoas não enxergam a moral da história. Elas veem isso como algo que querem imitar", opina Pittman. Miami é um porto seguro para investidores do exterior - e, às vezes, para negócios sombrios. No início de maio, a Polícia Federal brasileira lançou a "Operação Conexão Miami" para desarticular uma organização que lavava dinheiro por meio de negócios imobiliários de luxo.
Um total de 54% dos compradores estrangeiros são da América Latina, 18% da Europa e 13% do Canadá, segundo a Associação Nacional de Bens Imóveis. Os que dominaram as compras de apartamentos de luxo em Miami em 2016 foram os canadenses, os venezuelanos e os brasileiros, nessa ordem. "O mercado de luxo se move de acordo com o que acontece nos países que nos rodeiam", comenta à AFP John Stuart, professor de arquitetura na Universidade Internacional da Flórida. "Quando as pessoas querem colocar seu dinheiro em um investimento seguro, pensam no mercado dos apartamentos de luxo em Miami".
A indústria imobiliária local experimentou uma desaceleração em 2016 devido à campanha eleitoral americana, mas os especialistas preveem uma estabilização neste ano. "Há mais produtos e os preços estão se ajustando para refletir a maior oferta disponível", diz Antoine Charvet, porta-voz da empresa de análises imobiliárias IRR. O valor dos apartamentos com vista para o mar caiu 1% no primeiro trimestre de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 7.585,80 por metro quadrado.
Mas Dezer não se preocupa com isso. Segundo ele, o mercado do super luxo (de mais de US$ 2 milhões) é imune a tais oscilações. "Estamos no nosso pequeno cosmos", diz.

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