HISTÓRIA
O Nepal é constituído originalmente por principados autônomos, habitados por povos de religião budista. Até fins do séc. XVIII, a história do país centralizava-se no vale de Katmandu, perto da atual capital nepalesa. Por volta de 400 d.C., a região ganhou seu nome atual. Ao longo dos séculos, bandos de conquistadores, nômades e refugiados da Ásia Central, da Índia e do Tibet chegaram até ela. Tornaram-se os ancestrais dos nepaleses.
Em meados do séc. XVIII, um rei gurca chamado Prithwi Narayan Shah iniciou uma campanha militar para unificar o país. Até sua morte, em 1775, ele conquistou a maior parte do que é hoje o Nepal. Ele recebeu o título de rei do Nepal e, desde então, seus descendentes têm sido os monarcas.
Em 1816, o Nepal tornou-se um protetorado britânico. Em 1846, um líder político chamado Jang Bahudur Kunwar assumiu o controle do governo. Ele recebeu o título honorário de Rana e declarou que um membro de sua família serviria como primeiro-ministro a partir de então. Até 1951, os membros da família Rana detiveram o controle total do governo. Durante esse período, o rei não teve poder.
Em 1923, a Grã-Bretanha reconheceu formalmente a independência do Nepal. Nas décadas de 1930 e 1940, a oposição ao governo dos Ranas aumentou em todo o país. Uma revolução iniciada em 1950 derrubou o governo e restaurou a monarquia, dando o poder ao rei Tribhuwan Shah, em 1951.
No início da década de 1950, o governo fez diversas tentativas para criar uma democracia no Nepal. O rei Tribhuwan morreu em 1955. Foi sucedido por seu filho, Mahendra, que criticou os esforços do pai para formar um governo democrático. Em 1960, Mahendra declarou que o Nepal necessitava de uma forma de governo que se adaptasse às tradições do país.
Mahendra morreu em 1972 e seu filho, Birendra, sucedeu-lhe como rei. Em 1990, ele autorizou a formação de partidos políticos e transformou o país em uma monarquia parlamentarista. Em 1991, as primeiras eleições livres multipartidárias se realizaram, e dois partidos, o do Congresso Nepalês e o Partido Comunista, dominaram a vida política.
Em 1996, o Partido Comunista do Nepal, uma organização clandestina de inspiração maoísta, iniciou uma guerrilha com o intuito de derrubar a monarquia. Em menos de dois anos, o país teve cinco primeiros-ministros. No final de 1998, assumiu o cargo K.P. Bhattarai, que permaneceu como primeiro-ministro até março de 2000, quando renunciou.
Em junho de 2001, o rei, a rainha e sete outros membros da família real foram mortos dentro do palácio, em Katmandu, pelo príncipe herdeiro, Dipendra, que se suicidou em seguida. O motivo da chacina teria sido a recusa do rei em aceitar o casamento do príncipe com Devyan Rana, descendente da família Rana, que havia governado o país, e neta de um político indiano. Gyanendra Bir Bikram Shah Dev, irmão do rei, assumiu o trono.
Em seguida, o novo primeiro-ministro Sher Bahandur Deuba iniciou o diálogo com os guerrilheiros. Para mostrar que estavam dispostos a aceitar uma reconciliação, os guerrilheiros libertaram todos os prisioneiros. Em novembro de 2001, os rebeldes suspenderam a trégua e recomeçam os ataques, revidados com violência pelas forças governamentais. O país decretou estado de emergência. Em abril de 2002, ocorreram os confrontos mais sangrentos em seis anos de rebelião maoísta, com centenas de mortes. Os guerrilheiros propuseram cessar-fogo de um mês, rejeitado pelo governo. Em agosto, o estado de emergência foi suspenso.
Em maio de 2002, o rei dissolveu o Parlamento e convocou eleições para novembro do mesmo ano. No entanto, em outubro, Gyanendra destituiu Dueba e todo seu gabinete, adiou as eleições por tempo indeterminado, assumiu novos poderes executivos e empossou Lokendra Bahadur Chand no cargo de primeiro-ministro.
Em janeiro de 2003, rebeldes e governo declararam um cessar-fogo e iniciaram novas negociações. Em maio, Lokendra Chand renunciou e Surya Bahadur Thapa assumiu o cargo. Em agosto, os rebeldes retiraram-se das conversações de paz, encerrando sete meses de trégua. No final do ano, oposição e membros do Partido Nacional Democrático, o mesmo de Thapa, passaram a pedir a renúncia do primeiro-ministro e a convocação de novas eleições diante de seu fracasso em conduzir as negociações com os rebeldes e formar um governo de unidade nacional.
Nos meses seguintes continuam as manifestações e greves contra o governo, lideradas pelos partidos de oposição e pelos estudantes. A guerrilha se mantém ativa. A situação torna insustentável o governo de Thapa, que renuncia em maio de 2004. No mês seguinte, o rei escolhe como premiê, mais uma vez, Sher Bahadur Deuba, agora no Partido do Congresso Nepalês – Democrático (dissidência de seu antigo partido). Em agosto, os maoístas bloqueiam por uma semana a capital, Katmandu. No mesmo mês, 12 cidadãos nepaleses que eram mantidos reféns no Iraque são mortos por seus captores. Em fevereiro de 2005, o rei dissolve o governo do premiê Deuba e decreta estado de emergência.
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