Imigrantes. Não é preciso ir muito longe do polo financeiro e rico de Dubai para o cenário mudar completamente. As ruas ficam estreitas, os prédios são baixos e as lojas, coladas umas nas outras. Essa região, conhecida como Deira, é a chamada cidade velha de Dubai, parte mais popular e que deu origem ao local.
É nessa região que se concentram os imigrantes responsáveis por erguer o grande paraíso artificial, como é conhecido o principado. Uma cidade com grandes construções, que mais parecem uma miragem. Boa parte desse contingente de imigrantes trabalha em megaprojetos de construção civil para empresas como Emaar, Meera e Damac, que tem uma parceria com a Organização Trump, que pertence ao atual pré-candidato republicano dos Estados Unidos, Donald Trump. O empresário que tem apregoado, em sua campanha eleitoral, banir os muçulmanos dos EUA é o mesmo que está à frente de importantes projetos resorts com campos de golfe em Dubai.
Quem não trabalha na construção civil tenta a vida como ambulante ou dono de lojas nas proximidades do mercado livre de Deira, que vendem desde especiarias e chás, concentrados no “spice souk” (mercado de temperos) até pashiminas (echarpes), burcas e chinelos Havaianas falsificados.
Luta. Foi neste cenário que o Estado encontrou o indiano Abdul Rahman, 27 anos. Desde que chegou a Dubai, há cinco anos, ele diz ter feito de tudo para ganhar dinheiro. “Aqui é melhor que a Índia, mas a vida não é fácil. Vida boa em Dubai só para os mais ricos. O custo de vida é muito alto e boa parte do que eu ganho mando para minha família na Índia”, diz Rahman, que mora com os primos bem longe do centro financeiro de Dubai. Rahman diz que ganha por mês cerca de 1.500 dirhams (ou cerca de R$ 1,5 mil), quase o dobro da metade do salário mínimo no Brasil, que atualmente é de R$ 788.
Até para ser ambulante não existe muito autonomia. Rahman se reporta a Ali Mamuti, de 45 anos. Mamuti fica sentado num banco entre as minilojas, controlando os vendedores mais jovens. Indiano da região de Kerala, Mamuti mora há 32 anos em Dubai e não tem família. Ele passa o dia sentado em um banco monitorando a “equipe” que caça compradores. De seu “escritório da praça”, dá ordens e orienta seus vendedores. Ele não reclama de Dubai, cidade que o acolheu ainda jovem, mas também não vê muitos motivos para rasgar elogios: “Tudo aqui gira em torno do dinheiro.”
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