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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

05 - BDSM e violência doméstica: saiba a diferença

A palavra de segurança, aliás, é uma ferramenta essencial do BDSM. A ideia de que o simples dizer de uma palavra, ou mesmo um gesto, deve ser suficiente para cessar toda e qualquer atividade que estiver ocorrendo no momento, poderia ser até mesmo revolucionária para prevenir casos de abuso se os agressores respeitassem seus parceiros. “Tenho contato com mulheres submissas que admitem não se relacionar com homens baunilha porque por mais que a sessão BDSM seja pesada, ao falar a safeword (palavra de segurança) o ato parará. Ela será cuidada do início ao final (aftercare). No sexo baunilha dificilmente se diz os termos antes de começar, isso é considerado um empata-foda”, diz Divina. De fato, enquanto um dominador ou dominadora responsável deverá parar tudo o que está fazendo imediatamente ao pedido do submisso, não se sabe de nenhum caso de estupro ou violência doméstica em relacionamentos baunilha onde o agressor parou o que estava fazendo simplesmente porque a vítima pediu – são situações completamente diferentes.
O fato é que não existe consentimento em relações de abuso ou violência. Existem, sim, relações de medo ou de dependência emocional ou financeira, mas não há quem simplesmente escolha permanecer com seu abusador sofrendo violências gratuitamente. E no BDSM, consentir é muito mais do que dizer “sim” ou “deixar” que algo aconteça – a pessoa submissa precisa estar plenamente esclarecida a respeito das práticas as quais pretende se submeter, conhecendo seus riscos e sua intensidade. Também é preciso haver muita confiança entre todas as partes, pois um simples descuido do dominador pode custar vidas. Há diversos casos onde o dominador pratica alguma técnica primeiro em si mesmo por vários meses antes de fazer em outra pessoa – um cuidado especial que jamais seria tomado por um agressor. Enquanto uma pessoa dominadora zela por seu parceiro, tomando cuidado para não machucá-lo – muitas vezes contrariando a própria vontade do submisso de ir além, parando quando sabem que é arriscado continuar – abusadores não se importam com o bem estar da vítima.
“Uma pessoa dominadora no BDSM não espanca o parceiro sem critérios porque o odeia ou para se impor, ela conhece os efeitos de cada instrumento usado e controla a forma e a intensidade de cada gesto para que não haja lesões físicas ou psicológicas durante as práticas. É algo que envolve muita responsabilidade e respeito de ambos os lados”, diz Borges. “Como masoquista, eu já apanhei centenas de vezes, mas posso dizer com toda certeza que nunca fui agredida. Conhecer meus limites é fundamental, inclusive para identificar muito mais facilmente alguma possível situação de abuso. Se qualquer pessoa, inclusive meu Dono e parceiro, um dia tocar meu corpo de forma não consentida ou fora de contexto, essa situação será tratada como violência, e não como BDSM”.

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