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sábado, 13 de abril de 2013

01 Transplante de Fezes: Existe sim! - Saúde

O Hospital Albert Einstein, em São Paulo, realizou no último mês dois procedimentos inusitados e inéditos no Brasil: transplantes de fezes. Apesar de parecer estranho, o transplante é a única alternativa de cura para pacientes que sofrem da chamada colite pseudomembranosa, que causa diarreias persistentes, que podem levar à desidratação e até a infecção generalizada.
O primeiro a receber a técnica foi o empresário José Sanches Gallo, de 75 anos, que foi transplantado em fevereiro. Na semana passada foi a vez da aposentada Vera Soares, de 78 anos. Nos dois casos, os filhos foram os doadores. Os dois já receberam alta e não tiveram mais diarreia. Esse tipo de colite é causado pela Clostridium difficile. Trata-se de uma bactéria que normalmente habita a flora intestinal de cerca de 10% das pessoas, mas costuma não incomodar porque há um equilíbrio natural entre as bactérias.
Em geral, o problema surge por conta da ingestão contínua de antibióticos de largo espectro (os mais modernos, que normalmente matam vários tipos de bactérias). A Clostridium difficile é resistente a esses medicamentos e, sem outras bactérias no mesmo ambiente, ela fica livre para agir, provocando um desequilíbrio e, consequentemente, as diarreias persistentes.
O tratamento padrão para esse problema é o uso de dois tipos de antibióticos: a vancomicina e o metronizadol. Mas, segundo o médico Arnaldo José Ganc, que é gastroenterologista e endoscopista do Einstein, esses antibióticos não curam, apenas reduzem a frequência das diarreias. Além disso, a vancomicina só pode ser aplicada em ambiente hospitalar (é de uso venoso) e o metronizadol já não tem sido mais tão eficiente.
Segundo Ganc, nos anos 1960 pesquisadores começaram a usar uma técnica de lavagem intestinal no paciente usando fezes de outras pessoas para tentar "repovoar" a flora, restaurando o equilíbrio, mas a técnica foi considerada antiética e foi suspensa por anos. Tempos depois, os cientistas também tentaram aplicar as fezes saudáveis nos pacientes por meio da colonoscopia, mas os resultados não eram bons porque não se conseguia fazer o "repovoamento" de toda a flora intestinal - apenas do fim.
Mas, uma pesquisa feita por cientistas holandeses e publicada no New England Journal of Medicine em janeiro deste ano trouxe a técnica de volta - mas por outras vias - e constatou que o transplante de fezes é realmente a alternativa mais rápida e eficaz para o tratamento, em comparação com o uso da vancomicina.
No estudo, os pesquisadores analisaram três grupos de pacientes: o primeiro e o segundo foram tratados com os antibióticos e o terceiro grupo fez o transplante. A cura do problema foi tão rápida no terceiro grupo (a diarreia cessou em 85% dos voluntários na primeira infusão) que o estudo foi interrompido, já que os médicos concluíram que seria antiético manter os outros pacientes com medicamentos, sem bons resultados. Na segunda infusão, a diarreia cessou em 95% dos participantes.
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