Essas exposições, na maioria das vezes, tinham por objetivo legitimar a presença de países europeus em suas colônias. Apesar de abandonar a exposição de humanos, parques temáticos até hoje utilizam o apelo dos "selvagens" em várias atrações. No ano passado, um hotel da África do Sul apresentou como diferencial o fato de reproduzir favelas do país em seus quartos.
Os Galibi, indígenas que vivem no Oiapoque, no Brasil, também foram capturados e exibidos em público . Foto: Reprodução
Uma exposição no museu do Quai Branly, em Paris, mostrou como seres humanos considerados "exóticos, selvagens ou monstros" foram exibidos durante séculos em feiras, circos e zoológicos no Ocidente. A exposição Exibições – A Invenção do Selvagem indica, segundo os organizadores, que esses "espetáculos" com índios, africanos e asiáticos, além de pessoas portadoras de deficiência, que tinham o objetivo de entreter os espectadores, influenciaram o desenvolvimento de ideias racistas que perduram até hoje.
"A descoberta dos zoológicos humanos me permitiu entender melhor por que certos pensamentos racistas ainda existem na nossa sociedade", diz o ex-jogador da seleção francesa de futebol Lilian Thuram, um dos curadores da mostra. Ele foi campeão da Copa do Mundo de 1998 pela França, criou uma fundação que luta contra o racismo. Ele narra os textos ouvidos no guia de áudio da exposição. "É difícil acreditar, mas o bisavô de Christian Karembeu (também ex-jogador da seleção francesa) foi exibido em uma jaula como canibal em 1931, em Paris".
A exposição é fruto das pesquisas realizadas para o livro Zoológicos Humanos, do historiador francês Pascal Blanchard e também curador da mostra.
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