A seção do comportamento sexual não foi incluída no artigo oficial, mas o curador de zoologia do museu, Sidney Harmer, decidiu circular apenas cem cópias das descrições gráficas para um seleto grupo de cientistas. Segundo Russell, a comunidade acadêmica da época simplesmente não tinha o conhecimento científico para explicar os relatos do que Levick considerou necrofilia. "O que acontece lá não é de maneira nenhuma análogo à necrofilia em um contexto humano", afirma Russell. "É só uma reação sexual dos machos ao ver as fêmeas em determinada posição. Eles não conseguem distinguir entre fêmeas vivas que estão esperando o acasalamento na colônia e pinguins mortos no ano anterior que estão na mesma posição", explica.
Apenas duas das cem cópias originais dos relatos de Levick sobreviveram ao tempo. Russell e seus colegas do museu publicaram agora uma reinterpretação das observações de Levick para a revista especializada Polar Record. "Estava olhando o arquivo sobre George Murray Levick quando mexi em alguns papéis e encontrei embaixo esse artigo extraordinário intitulado ‘Os hábitos sexuais do pinguim-de-adélia’, com um ‘Não para publicação’ em corpo tipográfico grande. Ele está cheio de relatos de coerção sexual, abuso sexual e físico de filhotes, sexo sem fins de procriação e finaliza com o relato do que ele ele considera comportamento homossexual. É fascinante".
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