As sondas Voyager 1 e 2 são naves idênticas, dotadas de câmeras de televisão (desligadas para economizar energia e memória de computador), sensores infravermelhos e ultravioleta, magnetômetros, detectores de plasma e sensores de raios cósmicos e de partículas carregadas. Os sinais de volta são enviados com uma potência de 20 watts, o equivalente a uma lâmpada de refrigerador, tornando-os tão fracos que só podem ser captados pelos grandes "ouvidos" da Nasa, no Deep Space Network.
Um momento chave aconteceu em 2004, quando a Voyager 1, então a cerca de 14 bilhões de quilômetros de distância, cruzou o "choque de terminação", quando as partículas expelidas do sol, denominadas de vento solar, começam a interagir com os raios cósmicos de espaço interestelar. Em 2010, a sonda atingiu uma espécie de calmaria, onde o vento solar se dissipa. Dois anos depois, uma oscilação de partículas de alta energia detectada por seu sensor de raios cósmicos indicou que a pequena exploradora tinha alcançado a heliopausa, que divide a região solar da influência do espaço interestelar.
A transição desta ampla fronteira levou muito tempo para ser descoberta, mas o cientista do projeto Voyager, Ed Stone, a confirmou. Dados enviados de volta pelas duas sondas já tinham arruinado as descrições nos livros didáticos que mostram o Sistema Solar como sendo esférico. Ao invés disto, a periferia do sol ou heliosfera é ovalada. O "fundo" do ovo é achatado por uma colisão permanente entre o vento solar e a explosão de partículas de outras estrelas. Lallement disse que os astrofísicos estão ansiosos por saber se a Voyager 1 confirmará suas teorias sobre o espaço entre as estrelas.
"Se algum dia enviarmos sondas para as estrelas vizinhas, que tipo de ambiente podemos esperar delas?", questionou. "Até agora, todas as nossas teorias se baseiam em modelos de computador, não em dados observados", acrescentou a cientista Rosine Lallement.
Os instrumentos da Voyager terão que ser desligados permanentemente em 2025, reportou na quinta-feira a revista científica americana Science. No entanto, especialistas dizem que a nave pode continuar a viajar indefinidamente, avançando a mais de 17 km/s. Pode parecer muito rápido, mas o espaço é grande.
No ano 40.272 - sim, daqui a mais de 38 mil anos -, a Voyager 1 se aproximará da estrela mais próxima em seu atual curso. A sonda estará então dentro de 1,7 ano-luz de uma estrela pequena da constelação de Ursa Menor, chamada AC+79 3888, afirma a Nasa em seu site.
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