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sábado, 5 de outubro de 2013

Acabou o papel... - Economia


O jornal diário mais antigo do mundo ainda em circulação, o Lloyd’s List, anunciou que sairá do papel e passara a existir apenas no universo digital a partir de 20 de dezembro deste ano. O anúncio é considerado por especialistas como o marco de uma era, a partir do qual não há mais retorno. O modelo tende a ser seguido por todos os demais diários impressos. O Christian Science Monitor e a revista Newsweek também tornaram-se digitais, como forma de reduzir custos de impressão e circulação; além de ampliar os horizontes de seus assinantes. No país, o Correio do Brasil, impresso de Janeiro de 2000 até outubro do ano passado, em formato meio tabloide, já antevia este caminho e adiantou-se aos demais diários no mundo. O antigo diário carioca Jornal do Brasil também optou por trocar as edições impressas por um modelo digital.
Em 1734, quando foi criado por Edward Lloyd, era apenas uma folha de jornal que era pregada na parede de um café de Londres com informações sobre a indústria naval e os horários das saídas e entradas das embarcações. Mais de 270 anos depois, o Lloyd’s List, do grupo Informa, seguiu a mesma linha, de “oferecer aos leitores o acesso a notícias e informação vitais para os seus negócios”. “O objetivo não mudou, mas a tecnologia sim”, afirma um editorial publicado no site do jornal, na véspera.
Segundo estudos realizados a pedido do jornal apenas 2% dos seus leitores escolhem o papel como suporte para ler o Lloyd’s List. Com circulação de 1,2 mil exemplares e mais de 16 mil assinaturas online, o editor Richard Meade disse que migração para o serviço 100% online foi apenas “uma parte natural da evolução”.
A transformação dos diários para o modelo digital apresenta, ainda, o desafio de tornar a publicação sustentável. Uma forma encontrada por todos os jornais que, a partir de agora, circulam via internet, foi passar a cobrar pelo acesso à edição digital, conhecido como modelo paywall (barreira de acesso). Até agora, três dos 10 jornais de maior circulação no Brasil já optaram por esse modelo. O número chega a 9 entre os 30 maiores segundo levantamento de agosto do Instituto Verificador de Circulação (IVC).
De acordo com a Folha de S.Paulo, há um ano e três meses o jornal aderiu ao modelo poroso de paywall, que permite o acesso gratuito a até 20 páginas mensais. A Folha foi a primeira no país a adotar o sistema. O jornal O Globo também passou a cobrar pelo acesso on-line no modelo poroso. A diretora-executiva do jornal, Sandra Sanchez, disse no anúncio que o paywall é “importante para assegurar um modelo de negócio sustentável, que mantenha a oferta de conteúdo de qualidade”.
Apenas O Estado de S. Paulo não implantou a cobrança de conteúdo em seu site. Na semana passada o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou que o jornal pretende adotar a medida em breve. O Valor Econômico, Correio Braziliense, Estado de Minas, o gaúcho Zero Hora, o paranaense Gazeta do Povo, entre outros títulos, já agregaram o programa em seus serviços. O Correio do Brasil ainda cobra apenas uma assinatura para acesso à edição digital, que traz matérias exclusivas e não veiculadas na página web, mas manteve seu conteúdo online livre para os leitores.
A quantidade de jornais que decidiram aderir ao paywall no Brasil segue a tendência observada no setor nos EUA. O relatório O Estado da Mídia, do instituto norte-americano Pew, aponta que a proporção de jornais norte-americanos com assinaturas digitais já atingia um terço do total. Segundo Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas, “é importante lembrar que o paywal não é bala de prata”. No entanto, “está claro que o paywall flexível (poroso) é parte da solução do problema dos jornais, que é a diversificação das fontes de receita”, explica.
Pois é, agora usar jornal para aliviar a falta de papel no banheiro ficará cada vez mais difícil. Piadinhas à parte, ainda prefiro a leitura de um texto em papel, mesmo que um livro, do que ficar trocando telas no computador ou telefone. O contato de manusear a folha é mágico, e podemos voltar no texto quantas vezes desejarmos...

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