Outras organizações desta área advertem que as porcentagens do estudo do coletivo são aproximações. Preferem ter mais cautela e não citar números. Mas concordam, assim como especialistas, que o fato da violência ocorrer em um contexto familiar dificulta a denúncia. "E isso torna difícil dar visibilidade aos casos", destaca Reyes.
Não foi assim com Montenegro. "Na primeira vez em que minha irmã me ameaçou com um estupro, fiquei assustada", conta ela por telefone. Na segunda vez, ela decidiu contar aos pais sobre sua orientação sexual e as ameaças de sua irmã. Mas as ameaças não pararam, assim como os insultos e agressões. "Então, decidi denunciá-la."
Montenegro procurou o Centro de Emergência Mulher, um serviço público e gratuito que fornece orientação legal, defesa judicial e aconselhamento psicológico a vítimas de violência familiar e sexual. "Lá, eles me entenderam e se comprometeram com o caso, sobretudo a advogada Rocío Cateriano, que me apoiou quando minha irmã continuava me ameaçando para que desistisse de denunciá-la".
"A polícia e os médicos também me atenderam bem. Tive sorte, porque encontrei gente muito competente." O processo levou um ano. Montenegro ganhou a causa, e sua irmã foi obrigada a se submeter a um tratamento psicológico e a indenizá-la. "Na época, já era uma ativista LGBT, e isso me deu a capacidade para denunciar. Sabia o que fazer, que local procurar."
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