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sábado, 26 de abril de 2014

01 - Clubes da maconha ainda - Sociedade


Em uma esquina movimentada do centro de Barcelona, na Gran Via com a rua Bruc, há um clube de fachada discreta. Ao ouvir a campainha, a recepcionista vem à porta e pede a identificação. A entrada só é permitida a sócios, que devem apresentar documento de identidade e carteira de associado. A Associação Senzi – Clube de Fumantes de Maconha - é uma entre as mais de 300 que surgiram na Catalunha nos últimos anos. E a rápida proliferação preocupa autoridades espanholas.
Inaugurado há um ano e meio, a Senzi recebe entre 700 e 800 visitantes por dia e já tem 7 mil sócios. Há vários ambientes, onde se veem pessoas lendo jornais, algumas jogando bilhar ou dardos, outras reunidas com amigos ou vendo jogos de futebol pela TV. "É um clube social de amigos, e colocamos as instalações à disposição de todos os sócios", diz o presidente Michel González.
A diferença de um bar ou uma discoteca, ali se pode consumir maconha, adquirida no próprio local. Mas os termos "venda" ou "compra" não são usuais ali. O consumo da erva é feito, oficialmente, mediante "doações". O cuidado com as palavras tenta afastar qualquer ideia que remeta a negócio. Isso porque consumir e cultivar maconha para o próprio consumo não são considerados crime na Espanha, desde que praticados em um ambiente privado, mas o comércio de drogas é proibido pela legislação espanhola.
Outra preocupação das autoridades é evitar que a capital catalã acabe se tornando um “destino turístico de maconha”. Vários sites, como o Greenline e We Be High, promovem Barcelona como a “nova Amsterdã” por ser um lugar “permissivo com o consumo”. Eles divulgam que os turistas têm facilidades para conseguir a erva – apesar das normas restritivas de acesso aos clubes. Baseados em um vácuo legal e em decisões prévias de tribunais, clubes desse tipo proliferam na região. 
A Catalunha é comunidade autônoma onde mais se abrem clubes de maconha e em ritmo mais acelerado. "Porque é onde há grande demanda e maior tolerância social, policial e judicial", analisa Martín Barriuso, ativista da Federação de Associações Canábicas (FAC). Os governos locais pedem mais regulação. No último dia 13 de fevereiro o Parlamento de Catalunha aprovou um projeto que dá quatro meses para que a Comissão de Saúde chegue aos acordos necessários para que o governo regule tais associações "desde a perspectiva da saúde pública, no âmbito das políticas de redução de danos".
Mas o governo da Catalunha está dividido. Por um lado, a secretaria de Interior se opõe à regulação dessas associações. Por outro lado, a secretaria de Saúde defende uma normativa que reduza os riscos do uso da substância.

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