É duro noticiar algo que não apreciamos, ainda mais escrever à respeito de pessoas que passamos a admirar por vários atos. É de conhecimento público o falecimento de Antonio Ermírio de Moraes. Não virei adorador, que diga-se antecipadamente, nem oportunista, mas exemplos de vida devem ser admirados e respeitados acima de tudo.
O vi em várias ocasiões, época que fazia meu estágio na General Electric (Próximo ao Largo da Santa Ifigênia - São Paulo, e no meu retorno, passava pela Rua Xavier de Toledo, próximo aos escritórios onde ele dava expediente, e andava como transeunte comum, com uma característica imbatível - ternos amarrotados. Comentavam que era um homem rico, mas, ficava pensando como alguém não cuidava da própria imagem com mais zelo.
Já formado, tive a oportunidade, pelo Conselho de Administração, participar de um evento com sua presença, e mostrou lucidez, e personalidade, focado nos objetivos. Mas um outro lado mostrava que era uma pessoa dura nos negócios, mas ao mesmo tempo, tinha uma preocupação social tamanha.
Nessa época, soube que ele dedicava com igual empenho, a obras sociais, em especial à área de saúde. Nesse tempo, eu já estava em outra empresa, que tínhamos como clientes, alguns ligados ao Grupo que ele comandava. Acabei me aproximando da alta gerência, por definições contratuais, e deixavam escapar por vezes alguns aspectos. Além de ajudar na gestão contribuía financeiramente às obras, não se apegava ao dinheiro, apesar de reunir um patrimônio mais do que respeitável.
Considerava a discrição, uma máxima, pois era uma pessoa comum, com necessidades comuns, que se dedicava ao trabalho, seja na gestão empresarial, seja na assistencial. Dizem que trabalhava no mínimo 14 horas por dia, o que não duvido, isso em todos os dias da semana.
Mas o melhor, foi em uma entrevista, não me recordo a data, onde perguntavam quanto ele doava. Ele, mencionando a seu pai, respondeu: "Quem faz questão de mostrar quanto está doando, NÃO DOA, FAZ COMERCIAL."
Pois é, perdemos mais um grande valor, que já estava com sua saúde debilitada, e com idade avançada, mas precisamos de mais valores assim. Quando ajudamos, não podemos carimbar com nosso nome, pois isso não é ser caridoso. que DEUS acolha sua passagem, e que seu exemplo de vida, seja multiplicado e por que não, copiado, para termos melhores valores, num momento tão conturbado neste nosso planeta, em especial, em meu país...
(A matéria à seguir é da revista Veja)
Empresário Antonio Ermírio de Moraes (Mário Rodrigues /VEJA)Acervo Digital VEJA: 'Acredito muito no Brasil. Sempre acreditei', diz Antônio Ermírio
O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente de honra do Grupo Votorantim, morreu na noite deste domingo, aos 86 anos, em São Paulo. Ermírio de Moraes foi vítima de uma insuficiência cardíaca e morreu em casa. Ele deixa a mulher, Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos.
Em nota, o Grupo Votorantim lamentou a morte. "Com o falecimento do Dr. Antônio Ermírio de Moraes, o Grupo Votorantim perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos", diz o comunicado.
Dono de um dos mais tradicionais grupos industriais do Brasil, Antônio Ermírio de Moraes sempre figurou em posições destacadas nas listas anuais das maiores fortunas do país – e às vezes até do mundo. No último levantamento da Forbes, o empresário ocupava a 9ª colocação no ranking de bilionários brasileiros, com uma fortuna estimada em 3,1 bilhões de dólares.
Mais importante do que seus bilhões, contudo, era o seu talento para comandar o Grupo Votorantim. Antônio Ermírio assumiu a liderança da empresa ao lado do irmão, José Ermírio, em 1973, após a morte do pai. Em quase três décadas à frente do conglomerado, que atua nos setores metalúrgico, de cimento, papel e celulose, o empresário adotou um estilo conservador, avesso a riscos, e sobreviveu a graves crises econômicas, consolidando a posição do grupo como um dos principais do país. Ao mesmo tempo, tornou-se a maior liderança empresarial do Brasil: uma referência de sucesso e boa gestão a seus pares e uma das vozes mais ouvidas e respeitadas no debate público sobre o progresso nacional.
Crítico ferrenho da burocracia estatal e dos obstáculos colocados pelo governo ao crescimento das empresas, Antônio Ermírio se orgulhava de dizer que seu grupo nunca tinha sido favorecido pelo poder. "Se tivéssemos colocado nossas fichas em governos, já teríamos fechado as portas”, disse em entrevista a VEJA. Para ele, não existia uma fórmula mágica para um negócio – ou a economia de um país – prosperar. "O fundamental é seguir a lógica, o bom senso, e ouvir as boas cabeças que você tem na empresa. Não existem truques", pregava. Um entusiasta do empreendedorismo, Antônio Ermírio também era uma das vozes contrárias a medidas assistencialistas do governo, como deixou claro ao final do primeiro ano de Lula no poder. "Acho péssimo quando vejo que a prioridade do governo é dar esmola, e não acabar com os entraves à criação de empregos", disparou.
Nascido em 4 de junho de 1928, em São Paulo, Antônio Ermírio cursou engenharia metalúrgica no Colorado. Ao voltar para o Brasil, em 1949, teve como primeiro emprego um estágio não remunerado na Siderúrgica Barra Mansa, uma das empresas da família. Em 1955, foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio. Já na liderança do Grupo Votorantim, resolveu se aventurar na política, contra as recomendações de seu falecido pai, e concorreu ao governo de São Paulo em 1986. Derrotado por Orestes Quércia, do PMDB, terminou em segundo lugar, com mais de 3,6 milhões de votos. Depois disso, só voltou a se envolver em política para declarar apoio a candidatos, como fez com José Serra na disputa contra Lula em 2002.
Seguindo a tradição de grandes bilionários e self made men americanos, também dedicou boa parte de sua vida à filantropia, contribuindo com a Sociedade Beneficência Portuguesa e a Cruz Vermelha. Apesar de sua fortuna, Antônio Ermírio adotava uma estilo simples e preferia dirigir carros velhos. Em 2001, aos 74 anos, deixou o conselho de administração do Grupo Votorantim e passou para os filhos o comando do conglomerado. Nos últimos anos, o empresário começou a sofrer do mal de Alzheimer.
Em nota, o Grupo Votorantim lamentou a morte. "Com o falecimento do Dr. Antônio Ermírio de Moraes, o Grupo Votorantim perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos", diz o comunicado.
Dono de um dos mais tradicionais grupos industriais do Brasil, Antônio Ermírio de Moraes sempre figurou em posições destacadas nas listas anuais das maiores fortunas do país – e às vezes até do mundo. No último levantamento da Forbes, o empresário ocupava a 9ª colocação no ranking de bilionários brasileiros, com uma fortuna estimada em 3,1 bilhões de dólares.
Mais importante do que seus bilhões, contudo, era o seu talento para comandar o Grupo Votorantim. Antônio Ermírio assumiu a liderança da empresa ao lado do irmão, José Ermírio, em 1973, após a morte do pai. Em quase três décadas à frente do conglomerado, que atua nos setores metalúrgico, de cimento, papel e celulose, o empresário adotou um estilo conservador, avesso a riscos, e sobreviveu a graves crises econômicas, consolidando a posição do grupo como um dos principais do país. Ao mesmo tempo, tornou-se a maior liderança empresarial do Brasil: uma referência de sucesso e boa gestão a seus pares e uma das vozes mais ouvidas e respeitadas no debate público sobre o progresso nacional.
Crítico ferrenho da burocracia estatal e dos obstáculos colocados pelo governo ao crescimento das empresas, Antônio Ermírio se orgulhava de dizer que seu grupo nunca tinha sido favorecido pelo poder. "Se tivéssemos colocado nossas fichas em governos, já teríamos fechado as portas”, disse em entrevista a VEJA. Para ele, não existia uma fórmula mágica para um negócio – ou a economia de um país – prosperar. "O fundamental é seguir a lógica, o bom senso, e ouvir as boas cabeças que você tem na empresa. Não existem truques", pregava. Um entusiasta do empreendedorismo, Antônio Ermírio também era uma das vozes contrárias a medidas assistencialistas do governo, como deixou claro ao final do primeiro ano de Lula no poder. "Acho péssimo quando vejo que a prioridade do governo é dar esmola, e não acabar com os entraves à criação de empregos", disparou.
Nascido em 4 de junho de 1928, em São Paulo, Antônio Ermírio cursou engenharia metalúrgica no Colorado. Ao voltar para o Brasil, em 1949, teve como primeiro emprego um estágio não remunerado na Siderúrgica Barra Mansa, uma das empresas da família. Em 1955, foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio. Já na liderança do Grupo Votorantim, resolveu se aventurar na política, contra as recomendações de seu falecido pai, e concorreu ao governo de São Paulo em 1986. Derrotado por Orestes Quércia, do PMDB, terminou em segundo lugar, com mais de 3,6 milhões de votos. Depois disso, só voltou a se envolver em política para declarar apoio a candidatos, como fez com José Serra na disputa contra Lula em 2002.
Seguindo a tradição de grandes bilionários e self made men americanos, também dedicou boa parte de sua vida à filantropia, contribuindo com a Sociedade Beneficência Portuguesa e a Cruz Vermelha. Apesar de sua fortuna, Antônio Ermírio adotava uma estilo simples e preferia dirigir carros velhos. Em 2001, aos 74 anos, deixou o conselho de administração do Grupo Votorantim e passou para os filhos o comando do conglomerado. Nos últimos anos, o empresário começou a sofrer do mal de Alzheimer.
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