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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Apple, Foxconn e polêmicas: Parte IV - Tecnologia/Economia/Sociedade


A Apple está sendo acusada de “ignorar o custo humano” da cadeia de fabricação dos seus produtos, em uma reportagem publicada pelo New York Times esta semana. O artigo, que chega depois de outra reportagem do jornal sobre a razão de a “maçã” fabricar seus aparelhos longe dos EUA, cita ex-funcionários da Apple, que acusam a fabricante de ser complacente com o abuso a trabalhadores da linha de produção.
“A Apple nunca se importou com outra coisa que não fosse o aumento da qualidade dos produtos e queda dos custos de produção. O bem-estar dos funcionários não tem nada a ver com os interesses deles”, afirmou a ex-funcionária da Foxconn (empresa que produz equipamentos como iPad e iPhone), Li Mingqi, que está processando a empresa após ter sido demitida.
Li ajudava a gerenciar a fábrica de Chengdu, onde ocorreu uma explosão em maio do ano passado. O incidente causou a morte de três funcionários e deixou outros feridos. Outro incêndio ocorreu em uma unidade da Foxconn em Yantai, em setembro, quando também aconteceu uma explosão em uma fábrica de outra parceira de produção da Apple, a Pegatron, que deixou 60 funcionários feridos.
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iPad: condições de produção em fábricas da Ásia são questionadas
Um ex-executivo da Apple, falando sob a condição de anonimato, disse ao New York Times: “nós sabemos sobre abusos trabalhistas em algumas fábricas há quatro anos, e eles continuam. Por que? Porque o sistema trabalha para nós. As fornecedoras mudariam tudo amanhã se a Apple dissesse para elas que elas não têm outra escolha.”
Apesar de a segurança nas fábricas das parceiras da Apple ser o principal foco da reportagem, há também apontamentos mais gerais sobre as condições de trabalho e as horas que os funcionários precisam trabalhar (vale lembrar que o artigo também aponta críticas similares feitas a fornecedoras de empresas como Dell, HP, IBM, Lenovo, Motorola, Nokia, Sony e Toshiba).
“Os funcionários trabalham com excesso de horas extras, em alguns casos chegando a sete dias por semana, e vivem em dormitórios lotados. Alguns dizem que eles ficam tanto tempo de pé que suas pernas incham a ponto de quase não onseguirem andar. Funcionários menores de idade ajudaram a construir produtos da Apple, e as fornecedoras da companhia se livraram de maneira incorreta de lixo perigoso e falsificou registros, de acordo com relatórios da companhia e grupos de defesa dos trabalhadores que, na China, são geralmente considerados monitores independentes e confiáveis”, afirma a reportagem do NYT.
Há algumas semanas, a Apple lançou seu relatório anual de Responsabilidade de Fornecedores, no qual a “maçã” afirma ter encontrado “um número significativamente menor de casos de trabalho infantil” entre suas fornecedoras, que foram nomeadas pela companhia.
A Apple afirmou no relatório que ampliou seu programa de verificação de idade, que busca interromper o trabalho de menores entre suas fornecedoras. Como resultado, a companhia apontou melhorias nas práticas de contratação das parceiras, com casos de trabalho infantil caindo significativamente.
O relatório também revelou um total de seis casos ativos e 13 anteriores de trabalho infantil em cinco fábricas parceiras da Apple; a companhia exigiu que essas unidades melhorem as práticas de recrutamento. As auditorias não encontraram nenhum caso de trabalho infantil em fornecedoras responsáveis pela montagem final dos produtos da Apple.
No entanto, outro executivo da Apple que foi citado anonimamente na reportagem disse que “você pode tanto fabricar em unidades confortáveis e amigáveis aos funcionários, ou reinventar o produto todo ano, e torná-lo melhor, mais rápido e barato, o que exige fábricas que pareçam cruéis pelos padrões dos EUA. Atualmente, os consumidores ligam mais para um novo iPhone do que para as condições de trabalho na China.”
A reportagem aponta ainda o fato de que esse problema causa uma “tensão n” na Apple, com outros executivos preocupados com as condições de trabalho, mas não dispostos a colocar em risco a relação com fornecedoras como a Foxconn – que fabrica 40% dos aparelhos eletrônicos do mundo – ao gerar tais demandas

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