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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Prostituição: Atividade Econômica IX - Sociedade

Na ONG Living Water for Girls, que atua na Geórgia, no sudeste dos Estados Unidos, Sara, hoje com 31 anos, acompanha o progresso de meninas de 12 a 17 anos que tentam retornar à vida normal. Ela entrou em contato com a organização no início de 2011, depois de ser chamada para participar de um debate com a fundadora da organização, Lisa Williams, em uma rádio local. "Eu nunca tinha falado abertamente da minha história antes, porque não acreditava que era uma vítima. Só ao falar com Lisa consegui admitir publicamente que fui sequestrada, ameaçada e forçada a me prostituir com uma arma, achava que ninguém acreditaria em mim quando dissesse que fui forçada, porque isso aconteceu comigo quando eu já tinha 20 anos."
Em 2000, Sara tinha acabado de deixar seu filho na casa do ex-namorado e andava em direção à parada de metrô, quando um senhor de idade parou em um carro ao seu lado oferecendo carona. Durante o trajeto, o homem disse que precisava fazer uma parada e convidou para entrar em uma casa próxima ao metrô. Lá dentro, ele a deixou sozinha e pouco depois, outro homem apareceu.
"Eu não tinha medo do primeiro homem porque ele era mais velho, mas sabia que com o segundo, que era mais alto e musculoso, eu não conseguiria lutar. Ele me disse onde o pai do meu filho morava, o que ele fazia e disse que os machucaria. Depois descobri que aquela era uma rua em que havia muitas meninas viciadas em drogas que se prostituíam. O homem mais velho era o recrutador do cafetão, esse era o método que eles usavam. Ele disse que sabia que eu era maior de 18 anos – até hoje não sei como ele sabia."
Ela foi forçada a viajar com o cafetão para se prostituir. Ele a levava de volta para casa periodicamente para visitar sua família, para que ninguém suspeitasse e alertasse a polícia. "Na primeira vez em que viajei com ele, ele me prometeu que voltaria para casa depois do fim de semana, se ganhasse cerca de US$ 4 mil. Só voltei três semanas depois", diz.
Ao pai dela, com quem morava, e ao ex-namorado, ela dizia que tinha um trabalho para o qual precisava viajar. "O pai do meu filho perguntava o que eu estava fazendo e eu tinha tanta vergonha que não conseguia contar a ele. O cafetão me esperava no carro com uma arma durante as visitas."
Depois de cerca de um ano trabalhando como prostituta, Sara conseguiu se desvencilhar do cafetão, depois de engravidar dele e fazer um aborto sem que ele soubesse. "Quando ele descobriu, me bateu muito e só parou porque outras pessoas o alertaram que a polícia poderia aparecer. Eu pensei que ia morrer e rezei pela primeira vez ", diz ela.
Para escapar, ela passou a trabalhar para traficantes de drogas e chegou a entrar em brigas com outros grupos de prostitutas forçada pelos traficantes. Em um destes combates, uma troca de tiros que deixou mortos atraiu a atenção da polícia, que acabou por prendê-los, deixando Sara e as outras garotas do grupo independentes. Sem ter para onde ir, elas continuaram se prostituindo juntas.
"As meninas haviam se tornado minha família. Se não fosse Deus, eu certamente passaria de vítima a vitimizadora. Eu poderia facilmente ter me tornado a cafetina, que é algo que acontece com muitas mulheres depois que o cafetão sai de cena." Em julho de 2011, Sara escapou do lugar onde vivia com as outras garotas e voltou para a casa do pai.
Segundo o Departamento de Justiça americano, cerca de 200 mil crianças estão expostas a situações de exploração sexual no país. A idade média com que as meninas são recrutadas pela indústria da prostituição é de 13 anos.
Lisa Williams recebe uma adolescente. Foto: Arquivo Living Water for Girls

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