Dessa forma, a Kodak deixa de produzir câmeras digitais, que foram inventadas justamente por um de seus engenheiros, Steven Sasson, em 1975. Entretanto, a empresa não conseguiu aproveitar desta invenção com medo de prejudicar seu principal negócio: a venda de filmes. "Faz tempo que a estratégia da Kodak é melhorar as margens no negócio de dispositivos de captura de imagens ao reduzir nossa participação em termos de produção", disse o diretor de marketing da empresa, Pradeep Jotwani, que classificou a decisão anunciada nesta quinta-feira como uma "extensão lógica" desse processo.
Quando a icônica empresa fotográfica se desfizer completamente de seu negócio de câmeras digitais, deve poupar anualmente cerca de US$ 100 milhões, enquanto prevê que este processo represente um custo de US$ 30 milhões. A empresa, que não especificou o número de demitidos que esta decisão pode envolver, se centrará no negócio da impressão de fotografias tanto através da internet como em estabelecimentos comerciais, assim como na fabricação de impressoras de injeção de tinta, onde vê maiores oportunidades.
O anúncio faz parte do processo de reestruturação no qual está imersa a companhia, que declarou moratória em 19 de janeiro atingida por uma dívida que chega aos US$ 6,8 bilhões, enquanto seus ativos se situam nos US$ 5,1 bilhões. A empresa fundada há cerca de 130 anos por George Eastman tinha anotado três anos fiscais consecutivos de perdas e segundo as últimas contas publicadas em novembro, perdeu US$ 647 milhões nos primeiros nove meses de 2011, sete vezes mais que no mesmo período de 2010.
Após sua moratória, a Bolsa de Nova York (NYSE) decidiu expulsar a Kodak do mercado, no qual estava cotada há mais de um século, por isso que suas ações são negociadas nos mercados secundários. Pouco antes da jornada regular em Wall Street, os títulos da Kodak ganhavam 1,53% para serem trocados por 43 centavos nos mercados OTC ('over the counter'), onde eram negociados os títulos de empresas sem supervisão oficial.
Mas ícones mudam. Outra gigante, a IBM abandonou a alguns anos a fabricação de computadores pessoais, dedicando sua inteligência para o segmento corporativo, transferindo para a Lenovo, uma empresa asiática, os direitos (recebendo obviamente royalties). É preciso se re-inventar, e no caso da Kodak, houve morosidade. A Apple se continuasse insistindo na fabricação dos processadores, em conjunto com a Motorola, sem poder ter aplicativos de terceiros, estaria fadada a derrocada.
Assim segue a economia, onde até gigantes se curvam. Será que algum dia a Coca-Cola terá problemas???
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