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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

02 - A nudez na rede - Sociedade/Comportamento



O que a arte tem a ver com isso?
O artista performático Dries Verhoeven provocou grande polêmica com uma exposição em Berlim em que exibia fotos de pênis coletadas no Grindr – rede social em que homens gays e bissexuais buscam parceiros para relações sexuais –, enquanto projetava em um painel de vidro conversas que ele havia travado com diferentes homens na rede social.
O trabalho artístico chamado “Wanna play?” (algo como “Quer brincar?” em tradução livre) durou pouco mais de cinco dias e terminou sob furiosos protestos de anônimos que procuraram Verhoeven para demovê-lo da ideia de exibir algo privado em um espaço público. Mas, as fotos do Grindr e essas conversas são mesmo privadas? Não são, argumentou Verhoeven em um post em seu perfil no Facebook. A partir do momento em que as pessoas postam essas fotos em uma rede social e interagem com outras pessoas, essas interações caem no domínio público da internet.
Larry Clark/Divulgação
Ao natural: intimidade vira arte e é exposta em espaços públicos

No ano passado outros pênis causaram polêmica no mundo das artes. Um grupo feminista chamado Future Femme percorreu um concorrido circuito de arte nos Estados Unidos com a exposição “Show me more: a collection of dickpix” (Me mostre mais: uma coleção de fotos de pênis). O trabalho expôs fotos de genitálias masculinas coletadas pelas quatro mulheres que compõem o Future Femme em aplicativos e demais mídias sociais de namoro e paquera. A ideia do projeto, segundo o grupo, era discutir a relação diária de sexo, gênero, poder e identidade inerentes ao uso das mídias sociais. As artistas, diferentemente da exposição em Berlim, também se mantiveram no anonimato.
O jornalista britânico Adrian Serle acha que os artistas podem fazer o que quiserem, mas a duplicidade nas redes sociais é um limite que não se deve cruzar. A crítica de arte Alecia Lynn Eberhardt, que escreve para o “Huffington Post”, pensa radicalmente diferente. Para ela, as artistas do Future Femme erraram ao solicitar a estranhos as fotos que foram exibidas na exposição “Show me more”, ainda que não tenham pedido para exibir as tais fotos. Para Eberhardt, ao pedir essas fotos, elas se aproximam mais do “revange porn” (pornô de vingança) do que de uma arte reflexiva sobre a nudez ostensiva e muitas vezes não solicitada que invade contas pessoais alheias nas redes sociais.

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