Melhor começar a se preocupar: O aplicado a alunos do último ano do curso de medicina no Estado de
São Paulo reprovou 46% dos alunos, um índice preocupante que se mantém ao longo
dos anos. A prova, que é aplicada pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina no
Estado de São Paulo), não é obrigatória para que os alunos ganhem o diploma.
De acordo com o Cremesp, apenas 54% dos 418 alunos que fizeram o teste
tiveram nota maior que 6, valor considerado de corte. No ano passado, o índice
de aprovação foi de 57%, o melhor desde que a prova deixou o estágio
experimental, em 2007.
O índice de aprovações tem se mantido baixo nos últimos anos: se forem
levados em conta os exames aplicados entre 2005 e 2011, realizados por 3.135
candidatos ao todo, a reprovação chega a 58,4%, diz o conselho. Nos últimos cinco anos, a proporção de aprovação foi sempre menor que 60%,
resultado que mantém uma tendência consistente e é considerado insatisfatório e
preocupante pelo Conselho.
O pior é que os alunos têm baixo desempenho em
disciplinas consideradas básicas, como saúde pública (49,0% de acertos),
obstetrícia (54,1%), clínica médica (56,5%) e pediatria (59,3%). Apenas em
bioética o índice de acertos foi maior do que 70%, chegando a 78%. O
teste, aplicado em outubro deste ano, foi realizado por 25 dos 30 cursos de
medicina do Estado – duas das escolas ainda não tem classes se formando e alunos
de três faculdades Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto, Ufscar
(Universidade Federal de São Carlos) e FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) não
tiveram qualquer representante.
Esses 418 estudantes representam apenas
16% dos estudantes que cursam o sexto ano de medicina em São Paulo, mas, segundo
o Cremesp, a amostra é “significativa”. O conselho defende que o exame
seja obrigatório para quem se forma em medicina, assim como acontece com a prova
da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), obrigatória para formandos em
direito. Em nota, o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Junior, diz que o órgão está
“convencido de que uma medida excepcional precisa ser tomada, em respeito à
população que confia a saúde e a vida aos médicos”.
Além disso, existe a revalidação de diplomas, dos Médicos formados no exterior. Todo profissional de saúde que acaba estudando em outro país, para atuar no Brasil, precisa ter o diploma revalidado, efetuando uma prova, o que o habilita a atuar no território brasileiro.
Ocorre, que está circulando que o governo vai bancar uma espécie de cursinho
para que médicos formados em Cuba possam atuar no Brasil. A ideia é facilitar a
revalidação dos diplomas oferecendo para esses profissionais, de graça, reforço
em universidades brasileiras com assuntos que não foram abordados na graduação
cubana, como noções do Sistema Único de Saúde (SUS). O curso seria dado antes da
prova para reconhecimento de diploma. Sem a validação, profissionais não podem
trabalhar no Brasil. Atualmente, para ter autorização de exercício profissional,
médicos formados em outros países precisam passar por um exame organizado
nacionalmente, o Revalida, ou se submeter a provas feitas por algumas
universidades federais, que não aderiram ao exame nacional.
O processo, no entanto, não é fácil. Este ano, dos
677 inscritos no Revalida, 65 foram aprovados. Em 2010, quando a prova foi
lançada, os resultados foram muito mais baixos: dos 628 candidatos, apenas 2
tiveram permissão para trabalhar no Brasil. Com o curso de reforço, médicos
brasileiros formados em Cuba teriam mais chances de serem bem sucedidos no exame
de validação. Assinado em setembro durante uma visita do ministro
da Saúde Alexandre Padilha a Cuba, o acordo entre universidades estaduais e a
Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), de Cuba, permite ainda que durante o
período de aperfeiçoamento, profissionais trabalhem numa espécie de estágio. A
Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia, já prepara os detalhes do curso.
Além das aulas teóricas e práticas, os formados receberiam, no período de 10
meses do curso, uma espécie de bolsa de ajuda de custo, no valor de R$
1.240,00.
O reitor da universidade, Joaquim Bastos, prevê que,
além dos R$ 2 milhões para bolsas, seriam necessários recursos para pagamento de
cerca de 15 professores que ficariam responsáveis pela formação dos médicos.
Ainda não se sabe, no entanto, quem vai pagar a conta. "Mas tenho certeza que
isso se resolve. O projeto tem todo empenho da Secretaria da Saúde, simpatia do
governo do Estado e do ministro, como ficou claro na visita a Cuba", disse
Bastos.
Oficialmente, no entanto, ninguém assume a
responsabilidade. O Ministério da Saúde, por meio da assessoria de imprensa,
afirmou que o projeto tem todo apoio de Padilha. Mas não há previsão de oferta de recursos, nem de envolvimento da pasta no projeto. O
secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla, um entusiasta da iniciativa, avisou
também que por enquanto não há nada definido. Terça-feira, em Brasília, Solla
disse que os projetos estão avançados, mas admitiu haver preconceito em relação
ao curso feito em Cuba. "Mas o nível do ensino é muito bom",
garantiu. Mesmo sem saber de onde o dinheiro virá,
Bastos recebeu a recomendação de preparar um curso já para o próximo ano. "Isso
não será uma iniciativa eterna. A ideia é fazer dois, três cursos", contou o
reitor. Pelas contas de Solla, existem cerca de 500 brasileiros formados em Cuba
que poderiam se beneficiar da parceria com ELAM no processo de revalidação.
Durante a visita em setembro, Padilha afirmou que a pareceria poderia ampliar o
número de médicos nas regiões onde há carência de profissionais, como municípios
do interior ou nas regiões pobres das grandes cidades.
Mal foi lançada, a ideia já desagrada o Conselho
Federal de Medicina (CFM). "Não entendo essa lógica de mobilizar uma estrutura
pública, com salas e professores, para um grupo pequeno de brasileiros", disse o
vice-presidente da entidade, Carlos Vital. Para ele, no entanto, o que mais
surpreende é o pagamento de uma "ajuda de custo." "Isso é tirar de dentro de
casa para se dar o que não tem. Porque esses alunos merecem um privilégio como
esse?".
Agora, uma perguntinha básica: E quem está estudando (e se matando de trabalhar) no Brasil, vai ganhar algo também ou apenas veremos que os parceiros provenientes de Cuba (nada contra esse país) ficarão acrescidos dos benefícios políticos? E, por que nossos governantes e ex-governantes, não buscam atendimento também em hospitais públicos, como qualquer cidadão?
Eles elogiam muito o sistema de saúde, mas acredito, que nem para uma simples cefaléia, recorrem aos serviços públicos, por que vão, enfrentar um atendimento correto, mas precisarão aguardar na fila...
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