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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

01 - mSpy: Já sabe o que é? - Tecnologia/Internet/Sociedade


"Espione o que os funcionários de sua empresa estão fazendo" e "bisbilhote o smartphone de seus filhos para saber se eles usam drogas". Esses são alguns dos chamarizes utilizados pela empresa mSpy para vender seu aplicativo, que leva o mesmo nome da companhia e monitora todas as atividades de um smartphone - isso sem o usuário ter conhecimento. Por mais invasiva que a prática seja, o uso do programa é considerado legal.
Criado no Reino Unido, o programa permite, por exemplo, gravar ligações feitas pelo telefone, ter acesso a todas as fotos do dispositivo e ler todas as mensagens de texto trocadas. Após instalar o aplicativo no smartphone a ser monitorado, o "espião" recebe um login e senha para acessar um site, onde é possível checar todas as informações. Ele pode, por exemplo, configurar um tempo específico para o celular enviar os dados para essa "central do espião", além de escolher o tipo de conexão utilizada (Wi-Fi ou 3G).
Apesar de poder ser usado para diversos objetivos, a mSpy recomenda apenas para fins empresariais e entre pais e filhos. "Sabemos que há pessoas que usam o aplicativo para monitorar seus parceiros, mas essa não é nossa prioridade. O aplicativo viola a privacidade e a intimidade das pessoas. Ele poderia ser utilizado no ambiente de negócios, mas com a ciência dos funcionários e em smartphones fornecidos pela empresa. Para os pais, eu não recomendo. Se o filho descobrir, quebrará a confiança entre eles e a situação pode piorar", disse Isabela Guimarães, advogada especialista em direito digital, sócia do escritório PPP Advogados.
App mSpy mostra localização e até grava ligações de smartphone. Em gerenciador do telefone, o usuário consegue ver informações em detalhes como nível de bateria, versão do sistema Android e até espaço em disco do telefone. Quem usar o aplicativo para tentar coletar provas poderá se dar mal perante a Justiça. "Informações obtidas de forma ilícita não têm valor jurídico", afirmou Isabela.
O uso do aplicativo é legal para o que se propõe. Mas, dependendo do tipo de uso, pode resultar em prisão para o espião - caso, por exemplo, de uma empresa que interceptar o aparelho de seu concorrente. Segundo Renato Opice Blum, advogado especialista em direito digital, a lei determina pena de dois a quatro anos para quem interceptar o fluxo de dados.
Durante três dias de teste da licença Home Premium (que custa R$ 80), o aplicativo executou bem quase todas as funções às quais se propõe. De cara, não há sinais de que o aplicativo espião está rodando no celular. Ao tentar instalar o Twitter houve um pequeno problema que impedia a conclusão da operação, resolvido após ligar e desligar o aparelho. No entanto, não deu para saber se isso ocorreu por alguma falha do Android ou por interferência do sistema.
Com o aplicativo, foi possível ver a localização do telefone, eventos cadastrados no calendário, a lista de contatos, as imagens registradas com a câmera do aparelho, o histórico de navegação, de conversas SMS e ligações feitas e recebidas. A disponibilização das informações na "central do espião" não é imediata. O usuário pode controlar o tempo que o painel de controle será atualizado. Quanto maior for a frequência do envio de dados do smartphone, maior será o gasto de bateria – o que pode levantar suspeitas. Por padrão, ele disponibiliza novas informações a cada 20 minutos e apenas quando o celular estiver conectado a uma rede Wi-Fi.
Apesar de se vender como aplicativo espião, existem formas de burlar alguns recursos do sistema. A navegação pode ser ocultada instalando outro browser ou usando o modo privado. Para conversar com alguém sem ser monitorado, uma sugestão é enviar mensagens diretas via Twitter. Nos testes, nenhuma dessas atividades foi registrada na "central do espião".

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