O resultado tem sido irônico: estatais europeias sendo compradas por estatais de emergentes. A chinesa State Grid adquiriu 25% da transportadora energética portuguesa REN por 400 milhões, enquanto a Three Gorges passou a ser a maior acionista da EDP, empresa do setor energético de Portugal. No setor privado, o número de compras de empresas chinesas na Europa com valor acima de US$ 1 milhão dobrou entre 2010 e 2011, chegando a 50. Hoje, só na Alemanha, empresas chinesas já adquiriram 146 locais.
Dieter Brauninger, autor de um estudo realizado pelo Deutsche Bank, confirma que o momento pode ser interessante para a onda de privatização e de compras. "Investidores internacionais voltam a se interessar pela Europa." Segundo dados oficiais, o volume de investimentos estrangeiros na zona do euro triplicou entre o segundo semestre de 2012 e o primeiro de 2013.
Ainda assim, o banco alemão diz que a Europa não pode "superestimar" o valor que governos conseguirão atrair com as privatizações. Segundo a ONU, a Europa e a América Latina receberam nos seis primeiros meses do ano exatamente o mesmo montante de investimentos: US$ 165 bilhões.
Um dos obstáculos, segundo Brauninger, é a forte oposição ainda existente entre sindicatos e partidos de oposição. Outro problema é que muitas dessas empresas, inclusive os prédios à venda, precisam passar por ampla reforma antes que o setor privado ofereça de fato muito dinheiro. "Políticos em países com altas taxas de desemprego terão dificuldades para transformar estatais em empresas mais competitivas, já que para isso teriam de demitir muita gente."
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