Segundo Bento 16, a educação das crianças precisa de "ambientes" adequados, e "o lugar de honra cabe à família, baseada no casamento de um homem com uma mulher". "Essa não é uma simples convenção social", disse o papa, "e sim a célula fundamental de cada sociedade. Consequentemente, políticas que afetam a família ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade".
Em vários países -principalmente no mundo desenvolvido-, autoridades eclesiásticas católicas protestam contra iniciativas voltadas para a legalização do casamento gay. Nos EUA, um dos principais paladinos dessa causa é o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que será sagrado cardeal pelo papa em fevereiro.
Numa recente carta, Dolan criticou o presidente Barack Obama por sua decisão de não apoiar uma proibição federal ao casamento homossexual, e alertou que essa política pode "precipitar um conflito nacional de enormes proporções entre a Igreja e o Estado". A Igreja Católica, que tem 1,3 bilhão de seguidores no mundo, prega que as tendências homossexuais não são pecado, mas que os atos homossexuais são, e que as crianças devem crescer em uma família tradicional, com um pai e uma mãe.
"A unidade familiar é fundamental para o processo educacional e para o desenvolvimento dos indivíduos e Estados; daí a necessidade de políticas que promovam a família e auxiliem na coesão social e no diálogo", disse Bento 16 a diplomatas.
O casamento gay já é legal em vários países europeus, como Espanha e Holanda. Algumas religiões que autorizam o casamento gay e a ordenação de mulheres e homossexuais como clérigos têm perdido fiéis para o catolicismo, e o Vaticano já tomou medidas para facilitar tais conversões. Em 2009, Bento 16 decretou que os anglicanos que se converterem ao catolicismo podem manter uma hierarquia paralela, preservando parte das suas tradições. Grande parte dessa migração do anglicanismo para o catolicismo envolve fiéis que consideram a Igreja Anglicana liberal demais.
Fico tentando imaginar algumas coisas e obter algumas respostas. Uma delas é: Por que pregar esse tipo de discussão, quando o óbvio se mostra diferente?
Não estou aqui buscando o desafio de uma ordem social, afinal as pessoas buscam sua felicidade. O que acho inválido é alguém dizer que algumas pessoas estabelecem uma relação homo-afetiva e querem com isso construir uma relação fiel e fixa, e que com isso estamos caminhando para o fim. Dizer que isso ameaça a humanidade é no mínimo julgar que não existirão mais relações heterossexuais, que todo mundo apenas se relacionará com pessoas do mesmo sexo e não haverá procriação.
O casamento, enquanto união de duas pessoas que buscam convivência comum, formalizando e justificando a construção de patrimônio a dois, e proporcionando direitos que casais comuns tem, não significa que caminhamos para um único modelo de formação familiar. As pessoas podem professar sua fé, sem que a forma como elas buscam a felicidade seja contestada.
Admiro muitos religiosos, outros nem tanto. Casos de erros de conduta, mostram apenas que somos humanos, sujeitos a falhas. Rabinos erram, Pastores erram, Padres erram, e outros religiosos são suscetíveis à falhas de comportamento, como qualquer outra pessoa. Agora julgar que uma forma como as pessoas buscam em ser felizes ameaça a humanidade é forçar demais uma postura hipócrita.
Não vou me ater aos escândalos envolvendo religiosos, onde se define o crime tipificado, como abuso de menores. Nem vou questionar o fato de alguém professar uma fé e querer amar outra pessoa (isso não depende de sexo), que a impede de ter uma devoção religiosa. Abraçar uma crença, fazer o bem isso não é algo relativo à sexualidade, e sim de conduta e valores.
Lembro que muitos casais dentro da filosofia apregoada como a família tradicional, filhos são abandonados à própria sorte, por pais que se perderam nas drogas e na falta de esperança. São muitas dessas crianças que encontram na adoção, o amor que não conseguiram. E quando alguém adota, o faz por amor, sendo que muitas dessas pessoas são solteiras, ou não formam uma família tradicional.
Fernando Lugo, presidente do Paraguay antes de abandonar o sacerdócio fez alguns filhos, ainda sob o juramento do celibato. Muitos outros religiosos mantém relações maritais, e isso dentro da Igreja Católica deveria ser discutido de forma um tanto mais abrangente, visto que o celibato foi instituído para não partilhar os bens da Igreja.
Muitos se dizem portadores da palavra divina, só que esquecem que são homens apenas...
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