Comentei sobre o problema da Saab, que foi engolida pelos tigres asiáticos, mas agora o que vejo um deles caminhar para processo semelhante. Guardadas as devidas proporções e segmento, a LG, a bem pouco tempo, um dos maiores fabricantes de eletro-eletrônicos do mundo, começar a demonstrar dificuldades cada vez mais claras, preocupando investidores e governos.
Pouco mais de um mês depois de ter demitido 200 trabalhadores e dado férias coletivas para outros 800 do setor de celulares, a LG Eletronics, localizada na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, anunciou hoje a demissão de mais 170, alegando que seu estoque de celulares ainda continua alto. Do total de demitidos, 140 são desse setor e os demais, dos setores de monitores e logística.
Por meio de uma nota, a empresa comunicou que "no dia de hoje foram realizadas 170 desligamentos de colaboradores em sua fábrica de Taubaté". A nota continua com a informação de que a "empresa manterá o plano de saúde por mais 90 dias e está trabalhando para encontrar novas posições para estes colaboradores em empresas da região, por meio do Programa LG de Transição de Carreiras". Na nota, a empresa justifica as demissões dizendo que se trata de uma "reestruturação da linha de produção".
A LG não comenta sobre níveis de produção, mas segundo o Sindicato dos Metalúrgicos seus estoques de celulares ainda continuam altos, somando cerca de 900 mil aparelhos. "Desde setembro, quando houve as primeiras demissões, já ficamos preocupados, pois o problema é que a empresa passa por um momento difícil, não pela crise econômica, mas por falta de investimentos na reestruturação de seus produtos no mercado", disse o presidente do Sindicato, Isaac do Carmo.
Nesse sentido, o sindicato pretende pressionar a empresa e espera contar com a retaguarda da prefeitura e da câmara de vereadores locais, convidados para uma reunião, na próxima semana. "Os poderes Executivo e Legislativo são atores importantes nesse caso, pois a empresa recebeu área pública e incentivo fiscal para gerar emprego na cidade. Precisamos reverter essas demissões com a recolocação dos demitidos em novos postos de trabalho na própria fábrica", afirmou o presidente.
O sindicato tem informação de que, nas próximas semanas, membros da diretoria da LG, na matriz, que fica na Coréia, devem visitar a fábrica e anunciar investimentos. A notícia das demissões foi dada pela manhã, quando dirigentes sindicais que atuam na fábrica foram chamados e souberam que o número de demitidos deveria ser de 300 trabalhadores. "Conseguimos reverter parte dessa meta depois de muita negociação", afirmou.
Em setembro, a empresa já havia ameaçado demitir 300 pessoas, mas por interferência do sindicato a fábrica abriu um Programa de Demissão Voluntária que se encerrou no dia 5, com apenas 24 adesões. No mesmo dia, no entanto, na entrada do segundo turno, a empresa anunciou a demissão de 176 trabalhadores.
O problema também se evidencia em uma doação de um terreno em Paulinia, para a construção de um parque industrial da empresa. A área de mais de 600 mil metros quadrados, doada, pode ser retomada. A alegação da empresa refere-se que o terreno, por apresentar inclinacao, dificultaria, e exigiria uma terraplanagem para adequar o projeto.
Fizeram o pedido para a Prefeitura, mas essa nao aceitou (nada mais logico) alegando que houve desembolso grande com a doação, que pode ser revertida, caso as contrapartidas exigidas não se realizem. O complexo abrigaria a linha branca da empresa, mas isso vai cada vez mais ficando distante.
Vejo que existe um esforço muito grande por parte de governos em tentar implementar parques industriais, mas poderia-se fazer mais exigências, como a transferência de tecnologia ou produção de componentes, não apenas a montagem de produtos no local. Isso gera conhecimento, tecnologia e de fato desenvolvimento, não apenas aumento momentâneo de recolhimento de impostos...
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