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domingo, 22 de abril de 2012

Stradivarius: É possível recriar? - Tecnologia

Existem alguns mitos, obras da genialidade aliados a fatores momentâneos que tornam objetos único e incomparáveis. No campo musical, sempre ouvi um mito que são os violinos Stradivarius.
Conseguiria imaginar a possibilidade de um jovem estudante de música de classe média comprar um violino comparável ao melhor dos Stradivarius por menos de R$ 10 mil. Há três anos, essa hipótese não passaria de ficção. Ou de um sonho distante. Hoje, parece estar muito próxima. E por caminhos tecnológicos tão diversos e inusitados quanto o uso de fungos ou da tomografia computadorizada.
Como joias raras, alguns violinos Stradivarius têm sido leiloados ou vendidos por mais de US$ 5 milhões (ou R$ 8,5 milhões). O que justifica preço tão elevado é, sem dúvida, sua sonoridade excepcional. Por isso, muitos pesquisadores, cientistas e artesãos que fazem os violinos (também chamados luthiers) vêm tentando há décadas não apenas descobrir todos os segredos de um bom violino, mas, principalmente, fazer cópias que produzam som tão belo quanto um lendário Stradivarius - ou Strad, para os especialistas.
Tudo indica que a realização desse sonho está próxima, graças a dois avanços recentes da tecnologia. O primeiro e mais promissor foi anunciado em setembro de 2009 e baseia-se, curiosamente, na ação de um fungo que age sobre a madeira com a qual será feito o violino. O segundo, anunciado em novembro passado, utiliza a tomografia computadorizada axial para copiar com a maior precisão possível a forma e a estrutura da madeira de um violino Stradivarius e, a partir daí, reproduzir o instrumento com auxílio de um computador. Vejamos a seguir outros aspectos desses avanços e tecnologias que podem revolucionar a indústria e a arte de fabricar instrumentos acústicos musicais de alto padrão.
O processo de tratamento da madeira com o Physisporinus vitreus, um fungo branco encontrado em matérias orgânicas em decomposição, foi demonstrado publicamente na conferência anual sobre florestas e reflorestamento de Osnabrücker, cidade alemã da Baixa Saxônia, realizada no dia 1.º de setembro de 2009. Para os testes comparativos, Rhonheimer fabricou quatro cópias de um violino Stradivarius 1711. Dois desses clones foram feitos com madeira tratada com o fungo Physisporinus vitreus durante nove meses. As outras duas cópias foram fabricadas com madeira idêntica, mas não tratada com o fungo.
O mais perfeito dos clones, apelidado de Opus 58, foi o grande vencedor entre os violinos, superando até o Strad original, ao final de um teste cego, em que não era revelado ao juízes qual instrumento que estava sendo tocado. Os jurados suíços, por fim, se convenceram de que o tratamento da madeira por meio do fungo faz toda a diferença, pois, em lugar de danificar ou destruir a fibra natural - como a maioria dos fungos -, o Physisporinus vitreus atua só sobre algumas de suas estruturas internas, conferindo ao violino qualidade tonal surpreendente.
Um júri de alto nível, com o apoio de uma plateia de mais de 180 especialistas, julgou os violinos apresentados e comparou suas qualidades. De um total de quase 200 participantes, 90 consideraram o som do Opus 58 o melhor de todos. Apenas 39 preferiram o som do Strad.
Talvez Antonio Stradivari, o famoso artesão italiano que viveu entre 1644 e 1737, nunca tenha sabido qual era a verdadeira causa da qualidade superior das madeiras que utilizou para construir seus violinos. A explicação, segundo confirmam especialistas e pesquisadores, foi o fato de, entre 1645 e 1715, a Europa Central ter vivido a chamada Pequena Era Glacial, um período de longos invernos e verões bem mais amenos. A mudança climática favoreceu o crescimento lento e uniforme das árvores produziu madeiras com qualidades acústicas surpreendentes. Curiosamente, o que os pesquisadores suíços buscam provar hoje é que o fungo Physisporinus vitreus talvez tenha papel semelhante ao das mudanças climáticas ocorridas na Pequena Era Glacial europeia. 

É a tecnologia superando enigmas, mas até que ponto o produto terá a aura mágica e será tratada como uma preciosa joia, só o tempo dirá. E que os jovens aprendizes enquanto aprendem, que consigam guardar os sons produzidos de forma distorcida, mesmo que num legitimo Stradivarius, protegidos contra a dispersão do som, até que por fim, aprendam e traduzam por movimentos certeiros em suas cordas, melodias dos grandes compositores...






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