Trevor MacDonald tem registrado a experiência de amamentar em fotos e anedotas em seu blog,
Milk Junkies, por quase um ano. Contudo, apenas em agosto seu caso ficou conhecido, após um desentendimento com La Leche League (LLL), uma organização internacional de apoio à amamentação. O pai e o órgão discordaram sobre a definição que cada um tem sobre maternidade.
A grande ironia, na verdade, é que MacDonald nasceu mulher, mas foi ‘transformado’ em homem aos 23 anos, através de tratamento hormonal e cirurgia nos seios. “Eu continuo com os meus órgãos reprodutivos femininos, mas sempre me senti (e ainda me sinto) completamente masculino. Além disso, qualquer pessoa que me visse na rua não pensaria que sou outra coisa senão um homem”, ele escreveu em um artigo que saiu na
Out Magazine, em abril. Ele ainda refere a si mesmo como pai, e não mãe.
Ele também se autodenomina homossexual e casou com o atual parceiro antes de engravidar. Antes de ter o bebê, ele pesquisou e descobriu um método de amamentação para mulheres com mastectomias (a cirurgia que fez para ter seios masculinizados).
O principal motivo para Trevor informar-se sobre o assunto é garantir ao seu filho os nutrientes que apenas o leite materno possui. Através de um dispositivo conectado ao mamilo (o SNS), MacDonald conseguiu alimentar Jacob, contando ainda com a doação láctea para incrementar sua própria produção. Para o bebê, a experiência não difere em nada em relação a uma amamentação comum. No início, contudo, Trevor relatou no blog a dificuldade em prover o bebê com leite com um tecido mamário reduzido pela cirurgia.
O grande debate acerca a questão de amamentação esta centrado nos dilemas de quais locais são ideais para isso e quanto tempo de duração deve ter. Mas Trevor MacDonald, o pai ousado de 27 anos, fez surgir uma questão ainda maior sobre isso: quem fica responsável pela amamentação? O pai ou a mãe? Para muitas pessoas a resposta óbvia seria a mãe. Contudo, o caso do jovem trouxe novas possibilidades e vale a pena conhecer a história para então tirar as próprias conclusões.
Depois de desempenhar os papéis de mãe com seu filho, Jacob (agora com 16 meses), Trevor esperava se tornar um dos diretores dos grupos de suporte local do LLL. Contudo, ele foi informado de que só poderia ocupar a função se fosse mulher.
Apesar de todo o atrito, em carta ao La Leche League contestando a política que limita a participação às mulheres, o pai elogiou a instituição, reconhecendo que amamentação paterna é um território inteiramente novo e, portanto, é natural que gere alguma polêmica. “Sem o suporte e as informações que recebi do LLL, duvido que conseguiria desempenhar essa função hoje.”, ele escreveu em carta publicada no blog. “Eu espero um dia conseguir recompensar a compaixão, o encorajamento e a perícia que fez tanta diferença na minha experiência amamentando.”
Apesar de tudo, a organização resolveu manter a regra de que lideres de grupos poderiam ser apenas mulheres. Em compensação, a resposta enviada a MacDonald e também publicada no blog enfatiza que a missão do órgão é “ajudar todas as mães... independentemente da sua origem ou sua situação atual”. A prova é que mesmo MacDonald, que ainda se denomina como pai, recebeu o apoio do grupo.
O caso de Trevor recebeu a atenção da imprensa canadense, levantando novos questionamentos, particularmente entre mulheres. “A decisão da La Leche League do Canadá é descriminatória”, disse a PhD em paternidade e blogueira, Annie Urban, ao jornal Toronto Star. “Está na hora da LLL atualizar as suas regras e reconhecer que amamentação não é exclusividade materna, necessariamente.”
Já Jill, uma residente de Montreal, discorda. Em carta enviada ao Montreal Gazette, um dos veículos que cobriam todo o caso, ela defende a decisão da LLL, pois acredita que o grupo estava protegendo as mães de serem obrigadas a abrir sua intimidade para um homem. “Eu acho que eles acertaram quando decidiram que a melhor decisão seria ter uma mulher liderando e ajudando os grupos de apoio”, ela escreveu.
Na realidade, esse debate sobre amamentação não se resume a tomar partidos ou posições, mas sim se estende a toda uma avaliação sobre a definição de maternidade, paternidade e tudo o que essas fimções abrangem. O recente projeto californiano de permitir que crianças possuam múltiplos pais legalmente é outro exemplo de como a estrutura familiar está evoluindo no quesito aceitação sexual e de gênero. Além do divórcio e da criação independente.
De acordo com pesquisa realizada por instituto, dentro da atual comunidade de transgêneros, é estimado que 38% são pais. Esses números ainda tendem a crescer com o progresso científico e educacional. Isso não significa, necessariamente, que uma organização deva mudar a sua política, apesar de o caso de MacDonald provavelmente atrair mais grupos para apoiar a causa.
Bem, a situação beira o bizarro. Quando alguém no meu entendimento pessoal, faz a opção de uma sexualidade, por sentir-se um ente em corpo errado, acredito que essa esta se despindo da sexualidade anterior. Ele pode defender a organização sim, mas virar uma bandeira e motivo de questionamento faz parecer que o oportunismo tomou conta...