Uma equipe de cientistas escavou fragmentos de dentes, face e mandíbula datados do período Pleistoceno, em um sítio a leste do lago Turkana, no norte do Quênia, entre 2007 e 2009. A descoberta pôs um fim a uma busca angustiante por pistas sobre o hominídeo de rosto reto e grande cérebro, cujo crânio tinha sido encontrado ali perto em 1972. Conhecido como KNM-ER 1470 ou simplesmente como 1470, o hominídeo teria vivido cerca de dois milhões de anos atrás.
Até 2007, tal evidência permaneceu indefinida, uma vez que no crânio faltava o osso da mandíbula inferior, parte vital da evidência. Os novos fragmentos de dois indivíduos que se parecem com o 1470 têm entre 1,78 e 1,95 milhão de anos e foram encontrados no raio de um quilômetro do local onde foi descoberto o 1470.
Os novos fósseis foram cuidadosamente removidos do arenito usando uma broca de dentista antes de serem escaneados por dentro e por fora em um hospital de Nairóbi, capital do Quênia. Os escâneres foram usados em uma reconstrução virtual de toda a mandíbula inferior, que demonstrou ter um bom encaixe com a mandíbula superior do 1470. O resultado: um hominídeo que muito provavelmente é de uma linhagem mais antiga do 'homo' chamada 'H. rudolfensis'. Se assim for, significa um golpe em uma teoria contrária de que o 1470 seria um 'Homo habilis' com má-formação.
As três espécies supostamente ficaram fora do caminho umas das outras e tinham alimentação diferente, supõem os autores. Para outros especialistas, a descoberta mostrou que a família humana de seis milhões de anos teve três raízes complexas, mas alertaram sobre como deviam ser interpretadas.
Algumas autoridades, por exemplo, argumentam que o 'Homo erectus' evoluiu do 'Homo habilis', enquanto outros insistem que os dois eram primos ou espécies irmãs. Os fósseis "ajudam a confirmar a existência de um tipo distinto de humano antigo cerca de dois milhões de anos atrás", afirmou Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres.
Bem o passado vai aos poucos sendo desvendado, ou ao menos clareado. Ainda existem muitas dúvidas e estas poderão vir a ser esclarecidas. O achado é uma parte do que venhamos a descobrir no futuro...
Reconstrução fotográfica de crânio combinado com nova mandíbula inferior (Foto: Fred Spoor/Nature)
Reconstrução fotográfica de crânio combinado com nova mandíbula inferior (Foto: Fred Spoor/Nature)
O antepassado do homem moderno dividiu o planeta com, pelo menos, outras duas espécies relacionadas, quase 2 milhões de anos atrás, afirmaram cientistas, apontando para peças recém-escavadas de um quebra-cabeças que já dura 40 anos.
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