O controle do autismo, problema que se caracteriza pela disfunção no
desenvolvimento psiconeurológico, social e lingüístico, pode estar próximo.
Cientistas estão testando uma droga capaz de "consertar" a síndrome que atinge
cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo estimativas da
Organização das Nações Unidas. A previsão é do biólogo brasileiro e professor da
faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia Alysson Muotri.
Uma das principais autoridades no estudo do autismo no mundo, Muotri publicou
em novembro do ano passado um artigo na revista científica "Cell", em que
demonstra como ele e sua equipe conseguiram consertar neurônios afetados pela
Síndrome de Rett, uma das formas graves de autismo e que provoca várias
complicações neurológicas.
A solução para o Rett veio por meio de uma droga que amplia a presença de
insulina nas células doentes. O trabalho de Muotri repercutiu no mundo acadêmico
e lançou esperanças de que seria possível, com o mesmo fármaco, tratar outras
formas de autismo. O cientista fez palestra ontem em São Paulo, promovida pela
ONG Autismo e Realidade, para estudantes, médicos e pais de autistas, e disse
que é exatamente nisso que a sua equipe está trabalhando agora. - Saímos do Rett e estamos lidando com o autismo de origem desconhecida, em
que a gente não tem noção do que está acontecendo geneticamente. Tudo que
conseguimos fazer com o Rett, até agora, reproduzimos com o autismo - comentou.
Segundo o pesquisador, há muita semelhança entre os neurônios afetados pela
Síndrome de Rett e pelo autismo clássico. As células, em ambos os casos, têm
morfologias semelhantes. - São células menores, com arborizações e número de sinapses (conexões)
reduzidas - explicou.
O medicamento desenvolvido para controlar Rett já vem sendo testado por
outras equipes de pesquisadores em pacientes comprometidos pelo autismo nos
Estados Unidos e na Itália. - Ela ainda causa muitos efeitos colaterais mas, no equilíbrio de prós e
contras, decidiu-se usá-la. Agora a evolução desses pacientes está sendo
acompanhada - comentou o cientista.
De acordo com Muotri, o medicamento se mostrou eficaz em laboratório, mas
ninguém pode garantir agora que vai recuperar o cérebro de pessoas afetadas pelo
autismo, e afirmou que o fármaco precisa ser aprimorado. Ainda são necessários
testes de validações e ensaios de toxicidade. Isso pode levar dez anos, diz o
pesquisador. - Encontramos uma combinação capaz de reverter e consertar a célula em nível
sináptico, fazendo com que o neurônio autista se comportasse normalmente. Sou um
cético, nem eu acreditaria no começo da pesquisa, mas meus dogmas vêm sendo
colocados à prova porque temos um modelo em laboratório que funciona -
acrescentou.
Um prêmio a tantas lágrimas de pais que veem seus filhos fechados ao mundo exterior que, tomara, vingue!!!
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