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sábado, 29 de outubro de 2011

AVC: sabendo um pouco mais - Saúde

Sempre digo que o conhecimento deve ser compartilhado. Uma informação para lidar com um problema que apenas observamos nos outros já nos impressiona, o que não dirá quando a "coisa" está muito mais próxima que se imagina?
Lembro que até poucos anos, havia um Engenheiro Civil, que era o responsável técnico por todas as obras onde trabalho, pessoa de grande competência, mas sem ousadia nos métodos construtivos. Isso é característico da formação, onde não se faz novidades, apenas se constroem prédios seguros, funcionais, que atendam as exigências dos órgãos de fiscalização além do objetivo proposto.
Ele sempre fiscalizava as obras, aprendi muito acompanhando-o, e via a disposição e dedicação. Certo dia, deixou de visitar, mas como ele tinha idade, achei que seria um problema corriqueiro, visto que ele estava com uma virose (nome comum que os médicos dão à qualquer processo que não queiram investigar - que eles não leiam isso...) e talvez precisou de repouso. Após alguns dias, recebi a notícia que ele havia tido um AVC, com sequelas significativas, limitando muito.
Ele voltou ao trabalho, andando com dificuldade, e necessitando de uma pessoa que seria seu motorista... Passado algum tempo, ele achou por bem transferir para outro profissional seu trabalho, mas de minha parte, perdi um grande professor, só que não me alertei para a origem do problema...
Uma dor de cabeça forte e sem causa aparente, uma súbita perda da sensibilidade no rosto, dificuldade para falar, dormência no braço e até a completa paralisia em um dos lados do corpo. Esses e outros sintomas do acidente vascular cerebral (AVC) são vivenciados por mais de 250 mil pessoas a cada ano, 700 casos por dia, 30 por hora, 1 a cada 2 minutos, no Brasil. Cerca de 130 mil dessas vítimas, mais da metade, morrem em consequência da doença. Já os sobreviventes, terão de conviver com diferentes graus de sequelas nas funções motora, sensitiva, mental, perceptiva e da linguagem.
Se considerarmos apenas as vítimas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), são cerca de 200 mil internações por AVC ao ano, que além dos incalculáveis prejuízos às vítimas, resultam em um custo de aproximadamente R$ 270 milhões para os cofres públicos. É a maior causa de incapacitação da população na faixa etária superior a 50 anos, sendo responsável por 10% do total de óbitos e 40% das aposentadorias precoces no Brasil.
O AVC ocorre por uma interrupção abrupta da irrigação do sangue ao cérebro. Existem 2 tipos, o isquêmico, causado por espasmo ou trombose arterial, e o hemorrágico, em que há rompimento e hemorragia de uma artéria cerebral. Mais de 60% dos casos de AVC são causados pela hipertensão arterial não controlada. Outras causas são: tabagismo, colesterol elevado, diabetes, envelhecimento, arritmias cardíacas e aneurismas cerebrais congênitos.
A principal arma contra o AVC é o efetivo controle da hipertensão. Um hipertenso não controlado tem sete vezes mais risco de sofrer um AVC que aquele que mantém a pressão em “12 por 8”. No Brasil há 40 milhões de portadores de hipertensão, cerca de 30% da população adulta. Estudos demonstram, contudo, que menos de 20% deles estão sob controle. Ou seja, cerca de 32 milhões de brasileiros não fazem o tratamento adequado da hipertensão e estão continuamente em risco de sofrer um AVC, entre outras complicações cardiovasculares, como infartos, angina e insuficiência cardíaca.
Poucos sabem, mas o AVC pode ser tratado. Em 80% dos casos, nas primeiras quatro horas, existe a possibilidade de se remover o coágulo e restabelecer o fluxo sanguíneo cerebral. Isso pode ser feito por meio de cateteres que retiram mecanicamente o trombo ou através de medicamentos que o dissolvem. Poucos, entretanto, se beneficiam desses recursos da medicina, seja por procurarem assistência tardiamente ou pela falta de recursos das unidades de saúde.
A Campanha “Eu sou 12 por 8”, da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, alerta para os benefícios de se ter uma pressão normal ou controlada. Os atores Caio Castro e Paloma Bernardi são os novos embaixadores dessa ação  humanitária, juntando-se aos cardiologistas da SBC para alertarem a população contra os riscos da hipertensão. Já fazem parte Campanha uma legião de outros importantes embaixadores: os atores Lázaro Ramos, Carolina Ferraz, Guilhermina Guinle e Letícia Sabatella; os músicos Samuel Rosa (Skank), Ney Matogrosso, MV Bill e Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii); os apresentadores de TV Sarah Oliveira, Lucas Mendes e Ricardo Amorim, o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário, o Fenômeno, e a modelo e ex-miss Brasil  Natália Guimarães.
Hoje, 29, ocorre o dia Mundial de Combate ao AVC, com ações informativas à população em várias cidades brasileiras. Já para os médicos e profissionais de saúde, encerra-se o VIII Congresso Departamento de Hipertensão Arterial da SBC, na Fábrica de Negócios, em Fortaleza, no Ceará, iniciado dia 26, onde foram debatidas as mais recentes descobertas científicas sobre o tema.
O melhor que temos é a nossa saúde, e hábitos simples, podem ajudar que tenhamos qualidade de vida. Ensinamentos básicos, abandonar alguns vícios, ajudam, e muito. Ilustrei a história do Engenheiro, logo no início, mas se pensarmos um pouco mais, pior do que ver alguém próximo passar por isso, e pensar que talvez nós mesmos possamos estar sujeitos a estarmos limitados, em tarefas triviais, como simplesmente poder nos alimentar sem auxílio...

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