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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Limites do Humor - Sociedade/Entretenimento (1a parte)

Fazer rir é uma arte. Agradar o grande público é algo para poucos. Muitos atores, sempre argumentam que é mais fácil encenar uma peça dramática que fazer uma comédia. Acredito que o choro ou espanto saem com maior facilidade, que um sorriso discreto.
Hoje está em moda os Stand-Up-Comedy, apresentações solitárias, de expoentes do humor. Usam a inteligência com tanta sagacidade, que encantam a mídia, e para isso, são disputados à peso de outro pelos meios de comunicação. Muitos começaram no grande celeiro que é o terça insana.
Humoristas tradicionais, como Ary Toledo, Chico Anísio, Golias, e outros, que sempre fizeram o humor, muitas vezes abusaram de personagens ou situações, hoje chamadas de politicamente incorretas. Politicamente correto é chato e não tem graça, mas abusos...
Para fazer rir, é preciso ir além do que prega o senso comum. Em vários momentos, desafiar a patrulha politicamente correta. Afinal, humor a favor tem tanta graça como dançar com a irmã. Um passo em falso, no entanto, pode tirar o comediante do campo da irreverência e da ousadia e pôr tudo a perder. Quando a piada se sustenta sobre preconceitos ou grosserias gratuitas, o resultado é sempre constrangedor e ofensivo.
Dentro da nova geração do humor brasileiro, boa parte dela formada por talentos surgidos nos palcos paulistanos ou nos programas de TV produzidos por aqui, muitos parecem não ter aprendido ainda a lição mais básica do ofício. Para essa turma, é engraçado fazer troça de autistas, de vítimas do holocausto ou das minorias, para citar apenas alguns exemplos recentes. Nessa lamentável competição da comédia de baixaria, quem vem se destacando é Rafinha Bastos.
O gaúcho de 34 anos faz sucesso em várias frentes. Está entre as estrelas do CQC, da Band, atração que registra picos de audiência de 8 pontos no Ibope e chega a ficar em segundo lugar em seu horário nas noites de segunda. No teatro, os shows do rapaz lotam o Comedians, na rua Augusta, casa da qual é um dos sócios. Na internet, seu Twitter tem cerca de 3 milhões de seguidores e ele chegou a ser apontado pelo jornal americano The New York Times como o mais influente do mundo, à frente de nomes como Lady Gaga e Barack Obama. Na publicidade, foi visto em mais de 730 comerciais somente neste ano.
Como efeito colateral de toda essa popularidade, Rafinha parece que vestiu a carapuça de gênio acima do bem e do mal, achando que tem o direito de fazer e falar qualquer coisa. No último dia 19, superou-se na capacidade de dizer coisas grotescas. Instado a comentar uma cena que exibia a cantora Wanessa Camargo, grávida de cinco meses de seu primeiro filho, engrossou a antologia de barbaridades levadas ao ar com esta inacreditável frase: “C... ela e o bebê”. O comentário não estava no roteiro. Ou seja, o comediante improvisou na hora o “caco”.
No dia seguinte, o site da Folha de S.Paulo criticou a postura do humorista. Desdenhando, ele respondeu em seu Twitter, com a mesma impecável elegância: “Olá, Folha de SP, vai tomar no olho do teu...”. Na Band, ninguém achou graça da história. “A emissora não gostou da piada e ainda está avaliando um possível afastamento dele do programa”, afirma o diretor artístico e de programação, Hélio Vargas, que ligou pessoalmente para o empresário Marcos Buaiz, marido de Wanessa, para se desculpar.
(continuo amanhã...)


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