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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Bodas Reais - Sociedade/Economia

Não aconteceu na Europa, em nenhum reino tradicional, nem em outras localidades, mas sim no Butão...

O quinto "rei dragão" do Butão se casou nesta quinta-feira com uma plebeia de 21 anos em uma cerimônia fiel às tradições ancestrais deste pequeno reino budista perdido no Himalaia, que se abre aos poucos à vida moderna. Sua Majestade Jigme Khesar Namgyel Wangchuck, de 31 anos, coroou Jetsun Pema, filha de um piloto comercial, oficializando com o gesto a união, celebrada em uma impressionante fortaleza monástica de Punakha, a capital do reino até 1955, quando foi substituída pela cidade medieval de Timbu.
Este "dzong" do século XVII foi enfeitado com bandeiras de cores consideradas favoráveis, de acordo com as crenças budistas. Desde sua coroação, em novembro de 2008, após a abdicação de seu pai, os 700.000 súditos deste país do tamanho da Suíça, que fica entra a Índia e a China, esperavam com fervor o matrimônio do rei, que estudou em Oxford e é fã de basquete. Há três anos o rei executa um processo de democratização iniciado por seu pai, ao mesmo tempo que tenta preservar o reino dos efeitos negativos da globalização.
Sua jovem esposa é elogiada pela inteligência humildade. Analistas esperam que ela respalde o marido em ações de caridade. Os noivos chegaram ao local de forma separada, pouco depois do amanhecer, ao som de diversos instrumentos musicais e cercados por uma nuvem de incenso, escoltados por procissões de monges vestidos de vermelho e autoridades com o tradicional gho, uma espécie de bata.
A cerimônia, transmitida pelo canal oficial butanês "BBS", começou às 4h locais (19h de Brasília) com cânticos budistas nessa localidade fortificada, situada a 70 km da capital, Thimphu, e sob um intenso frio. A data do casamento foi escolhida por um lama em função do alinhamento dos planetas e dos signos astrológicos dos noivos. A união aconteceu após uma noite de lua cheia. O monarca, que desejava uma cerimônia simples, não convidou nenhum rei, nem chefe de Estado ou de Governo. No entanto, 20 embaixadores, assim como alguns poucos amigos próximos de Jigme, foram convidados. O quarto rei da "Terra do Dragão-Trono", o pai de Jigme, tinha quatro esposas.
Segundo Dashma Karma Ura, um pesquisador do centro de estudos butaneses em Tibu, "a futura rainha tem o potencial e a personalidade para estabelecer sua autoridade de mulher no trono". "Ela tem um grande conhecimento da cultura butanesa e pode servir de inspiração para muitas mulheres", disse Ura à AFP.

Apesar da abertura à vida moderna, este reino, conhecido pelo indicador econômico de "Felicidade Nacional Bruta", preferido ao Produto Interno Bruto para medir o bem-estar de seus súditos, tem orgulho de preservar as tradições.
Até os anos 60, o Butão não tinha estradas, telefone ou moeda. O reino só autorizou a televisão em 1999, mas continua selecionando os turistas com um sistema de concessão de vistos a 200 dólares por dia. O país, que até 2008 foi uma monarquia absoluta, é agora uma monarquia parlamentar onde o budismo segue influenciando a vida cotidiana.
Apesar de uma monarquia, percebe-se um esforço em melhorar não apenas o bem estar da população, medindo o índice de felicidade, mas preservar a cultura, ao mesmo tempo permitir acesso a informações e conteúdos de outras localidades. Será que conseguirá, o Rei e sua jovem Rainha, manter às características, tão bem preservadas?

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