Saber lidar com o humor, sem que com isso se torne agressivo, é para poucos. Como não citar: "Toda mulher que vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra c... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade." (Piada feita em show de stand-up comedy)
Segundo a coluna de Mônica Bergamo, publicada na Folha de S.Paulo na última quarta (28), o ex-jogador Ronaldo, sócio de Buaiz na agência de marketing esportivo 9ine, teria reclamado à cúpula da Band, pedido providências e rompido com a turma do CQC por causa da declaração. Em março, o Fenômeno chegou a participar das brincadeiras do programa, cumprindo uma promessa de subir numa balança para que todos pudessem conferir seu peso.
Rafinha não quis comentar a repercussão do caso e limitou-se a dizer: “Sou comediante, faço piada. Acho a discussão válida, mas outras pessoas podem comentar melhor sobre o assunto”. Mas não há muito que discutir. E seus próprios colegas de bancada no CQC acham isso. “Não gostei, isso não é piada, não se encaixa na categoria humor. É uma deselegância, uma agressão gratuita. Ele foi infeliz”, diz o comandante da atração, Marcelo Tas. “Acho que o CQC precisa superar a adolescência, passar dessa fase de rebeldia sem causa”, completa.
O companheiro de Rafinha no “CQC”, Danilo Gentili é outro que abusa das piadas despropositadas. Em maio, ele escreveu no Twitter a respeito da polêmica sobre a construção de uma estação do metrô na Avenida Angélica: “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz (campo de concentração nazista na II Guerra Mundial)”. Muito criticado pelo hediondo comentário, Gentili visitou a sede da Confederação Israelita do Brasil e apresentou um pedido formal de desculpas ao presidente, Claudio Lottenberg.
Pouco antes disso, o esquete Casa dos Autistas, veiculado em março no Comédia MTV, de Marcelo Adnet, mostrou atores atuando, de forma equivocada, como deficientes mentais confinados em uma residência, em uma lamentável tentativa de parodiar o reality show Casa dos Artistas, do SBT. A repercussão negativa obrigou a emissora a divulgar uma nota oficial para se desculpar e afirmar que o programa “ultrapassou limites aceitáveis do humor”.
Em maio, durante um quadro do Legendários, da Record, o apresentador Marcos Mion disse que a transexual Nany People tem “uma surpresinha” e perguntou: “Como ela faz para tomar banho? Como ela vai à piscina? O que ela faz com o pacote?”. Uma ONG ligada ao movimento gay não gostou e abriu um processo por homofobia. Apesar da escorregada, Mion afirma que está se policiando mais. “Eu já fiz humor do mal, era moleque e queria mudar o mundo. Mas hoje eu não conseguiria soltar uma piada sobre alguém que está sofrendo com um câncer ou com uma tragédia pessoal”, diz.
Quase hors-concours na briga dentro da lama, o Pânico na TV, da RedeTV!, já recebeu 353 denúncias nos últimos quatro rankings da baixaria organizados pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados — 113 só no início deste ano. As queixas se referem à exposição de pessoas ao ridículo, humor grotesco, excesso de nudez e palavras de baixo calão. Entre os quadros denunciados estão o Momento Amy Winehouse, em que um dos atores se veste como a cantora e sai pelas ruas agredindo as pessoas, e Em Busca da Musa da Beleza Interior, da dupla Vesgo e Silvio, em que eles abordam mulheres anônimas e as expõem de forma degradante.
Alguns programas, sempre fizeram as famigeradas "pegadinhas", para o deleite dos espectadores, vendo a exposição ao ridículo do abordado. Lembro que um programa conseguiu gravar o assassinato de um "comediante", e acabaram por repensar se o formato poderia ser mantido...
(continuo amanhã...)
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